Amanda Alexandroni* – Redação UFSC à Esquerda – 12/04/2021
*Estudante da Pós-Graduação em Serviço Social da UFSC e militante da APG
Em espaço amplo e aberto realizado na última quinta-feira (08/04) pela Associação de Pós-Graduandos (APG) da UFSC, realizou-se um extenso e produtivo debate acerca da política de financiamento na Pós-Graduação. Diversos discentes compartilharam a situação dos programas, bem como o papel e impacto das bolsas nas pesquisas. Propostas importantes foram levantadas e serão articuladas em reunião na próxima quinta-feira (15/04) às 19h. O link será disponibilizado pela entidade e a participação é aberta.
Devido à urgência em tratar da política de financiamento da pesquisa, tanto na UFSC quanto nas demais universidades brasileiras, este evento realizado na última quinta (08/04) contou com a participação de cerca de 75 Pós-Graduandos de diversos programas. Inicialmente, os discentes fizeram apontamentos sobre a situação das bolsas nos programas, relatando de que maneira o corte tem afetado a atividade de pesquisa.
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Segundo os relatos dos discentes, em programas como o Interdisciplinar de Ciências Humanas e de Geografia, não foi disponibilizada nenhuma bolsa de doutorado neste ano. Já no de Sociologia Política e de Engenharia Ambiental, apenas uma. No Programa de Saúde Coletiva, o repasse que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) havia afirmado que disponibilizaria, acabou sendo menor do que o montante efetivamente liberado. No de Antropologia, metade dos doutorandos de 2020 estão sem bolsas e não há bolsas para os que estão entrando em 2021.
Além disso, os discentes citaram o impacto profundo na organização pessoal relativo tanto à ausência de bolsas quanto aos critérios necessários para sua obtenção. Em alguns programas, ela está atrelada a um desempenho a ser comprovado anualmente. Em outros, são lançados editais para disponibilizar bolsas sem ampla divulgação, ou mesmo há a ausência da transparência quanto aos critérios que estão sendo utilizados para distribuir as escassas bolsas existentes. Assim sendo, o estudante não consegue ter a segurança de que sua renda será mantida até a conclusão de sua pesquisa. Outro caso citado com frequência é o de ausência de bolsas, que resulta em prejuízo ou impossibilidade de produzir conhecimento. Ou ainda, a exigência feita por alguns órgãos de fomento à pesquisa locais de que se comprove residência no estado em um período que pode ser anterior ao de aprovação e entrada no programa, limitando o acesso à bolsas aos estudantes que vêm de outras regiões do país.
Apesar das péssimas condições das políticas de financiamento das pesquisas, somadas às dificuldades relativas às atividades na modalidade de Ensino Remoto, os discentes apresentaram-se com bastante disposição para organizar uma luta que pressione diversos setores da universidade e a nível federal. Foram feitas propostas como de articulação de cada programa para pressionar os colegiados exigindo transparência em relação aos recursos; articulação com outras universidades do país; aliança com outros movimentos sociais, como as greves pelo retorno presencial seguro na educação básica; a exigência de posicionamentos dos PPGs e da reitoria; entre outras. Todas as propostas feitas serão debatidas e encaminhadas no próximo espaço organizado pela APG, na quinta-feira às 19h. O endereço online de realização da reunião ainda será divulgado.
A reunião ordinária da APG ocorre hoje (12/04) às 19h. As pautas são: semana de recepção da pós-graduação, resolução normativa/95, Conselho de Curadores, Intérpretes de Libras APG. O link pode ser obtido por meio do formulário divulgado pela entidade ou solicitado via redes sociais.