Sereno Rodrigues – UàE – 21.09.2017
Um fato causou estranhamento para as pessoas que passavam nas proximidades da Fazenda Experimental da Ressacada – UFSC no sul da ilha neste final de semana do dia 16 e 17 . As pessoas que passavam desavisadas se assustavam com o barulho de tiros e bombas. O espanto aumentava quando se deparava com um batalhão da polícia militar fazendo treinamentos táticos em um local que serve como laboratórios de pesquisas do Centro de Ciências Agrárias.
Levantando algumas informações, verificamos que o treinamento tático foi autorizado pelo secretário de esportes Edilson Roberto de Souza, sem nenhuma divulgação prévia ou publicização sobre este procedimento.
Nos aprofundando um pouco mais, verificamos que este faz parte de uma política de aproximação com a PM, nesta proposta está prevista um convênio de ensino junto a polícia juntamente com a integração e migração do sistema de vigilância da UFSC para o Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP), sistema atualmente utilizado pela polícia civil e militar do estado de Santa Catarina liberando assim o acesso dos dados de segurança da universidade para as polícias civil e militar.
A subversão dos espaços de ensino para espaços de treinamento militar, a assinatura de convênios de ensino e de cooperação da polícia militar, juntamente com a cabine de vigilância mostra-se como uma consolidação de uma maneira da universidade lidar com as questões sociais. Uma universidade que tem plenas condições de avançar nas resoluções dos problemas sociais, retrocede ao transformar os espaços que serviriam de pesquisa e de aproximação da universidade com a comunidade em espaços de treinamento tático para polIciais.
Em vez de fomentar a integração dos espaços públicos, realizar estudos que visem a superação das desigualdades assim como as outras expressões da questão social, amplia ainda mais o abismo entre a universidade e a sociedade. Estas medidas articuladas com uma política clara de esvaziamento do campus (proibindo festas, inutilizando os palcos do CCE e destruindo o palco do CFH), não só são ineficientes para o combate efetivo da violência como torna o campus mais vazio e consequentemente um local mais inseguro. Para além de um mero treinamento militar as prática adotadas pela reitoria apontam para uma tentativa de naturalização da polícia no campus.