Beatriz Costa – Redação UàE – 02/12/2019
Publicado originalmente em: Universidade à Esquerda
O preço da carne bovina disparou no mercado nacional nas últimas semanas. Em São Paulo, a arroba do boi, que era vendida a R$ 140 no mês passado, chegou a R$ 231 nos últimos dias. Tereza Cristina (DEM), Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, afirmou que “Agora, a arroba não vai abaixar mais ao patamar que estava.”
A desvalorização do real em relação ao dólar faz com que o preço dos produtos que o Brasil exporta fiquem mais baratos, entre eles a carne bovina. Assim, o latifundiário brasileiro prefere exportar para alimentar pessoas de outro país ao invés de vender em real para o mercado nacional e alimentar os brasileiros.
A soberania de um país depende de sua capacidade de auto-suprimento de alimentos. A alimentação pode ser uma arma poderosa para fragilizar um país que não tem capacidade de produzir ou disponibilizar à população, por conta própria e suficientemente seus alimentos. A falta de prioridade para a segurança alimentar nos torna vulneráveis, mesmo tendo hoje um rebanho de 215 milhões de cabeças de gado, ou seja, mais bois no pasto que cidadãos no Brasil. No Brasil, inclusive, um dos fatores importantes na elevação dos índices de inflação é o preço dos alimentos.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou em uma transmissão pela internet que a ministra garantiu que daqui a três ou quatro meses, o preço da carne voltará à normalidade. Porém, este não é o posicionamento oficial do ministério.
O Ministério da Agricultura, em nota, afirmou que “Não é papel do ministério intervir nas relações de mercado. Os preços são regidos pela oferta e procura. Neste momento, o mercado está sinalizando que os preços da carne bovina, que estavam deprimidos, mudaram de patamar”. Ou seja, como é de praxe na lógica neoliberal, não importa se a população tem ou não possibilidade de adquirir um produto no qual o Brasil é grande produtor e exportador. Importa somente o lucro do agronegócio. O Estado não fará absolutamente nada para mitigar a situação e auxiliar às pessoas a conseguirem fazer seu churrasco no final de semana.
Tereza Cristina nega que esteja havendo desabastecimento, mas cogita a hipótese de importação caso falte carne e preço continue subindo. Algumas redes de supermercados já anunciaram que estão com falta de carne bovina. Além disso, o preço de peixe e frango também tem aumentado. A avaliação do governo é de que a inflação de outras carnes seria um movimento natural de livre mercado, ou seja, com o aumento da procura por frango e também por peixe, é de se esperar que haja reajuste nos preços desses itens, principalmente nesta época de fim de ano.
