Foto: Maicon Hinrichsen/Palácio Piratini
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[Notícia] Governadores do Sul descartam lockdown e se unem para comprar vacinas

Foto: Maicon Hinrichsen/Palácio Piratini

Nina MatosRedação UàE – 19/03/2021

Após o país acompanhar o colapso do sistema de saúde amazonense, com falta de leitos e oxigênio para tratamento de pacientes com Covid-19, a região Sul assume o lugar de epicentro da pandemia no país.

Nos três estados que compõem a região, os recordes de mortes em um mês já foram batidos antes mesmo do final de março. Só neste mês, Santa Catarina (SC) registrou 1,6 mil mortes, Paraná (PR) registrou 2.245 e o Rio Grande do Sul (RS) registrou 3.214 mortes.

No RS, na última terça-feira (16), foram registradas mais de 500 mortes em um dia — maior número já registrado pelo estado desde o início da pandemia. Além disso, o estado encontra-se com mais de 100% da lotação de UTI há pelo menos duas semanas, sendo aproximadamente 73% dos leitos ocupados por pacientes com Covid-19. Atualmente, 376 pessoas aguardam a liberação de novos leitos.

Em SC, desde fevereiro o estado encontra-se em alerta para um possível desabastecimento de cilindros de oxigênio. No estado, mais de 400 pessoas esperam por leitos de UTI e os hospitais já estão tendo que escolher quais pacientes serão atendidos prioritariamente.

A fim de fazer a seleção dos pacientes, um protocolo, produzido por autoridades de saúde do estado e assinado por diversas sociedades médicas, estabelece critérios que priorizam os pacientes com mais chances de sobreviver após o tratamento intensivo.

Os pacientes recebem pontuações baseadas em três aspectos: número de órgãos comprometidos, doenças crônicas avançadas e a condição física e motora do paciente. Quanto menos pontos são marcados, considera-se o paciente com mais chances de sobreviver e recebe prioridade na fila de espera.

No PR, a fila de espera para leitos, na última segunda-feira (15), encontrava-se com 1.228 pessoas, sendo 687 para enfermaria e 541 para UTI. Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) há denúncias de falta de insumos, medicamentos e respiradores para a internação.

Trabalhadores também relatam que a estrutura não comporta a demanda, fazendo com que muitos pacientes não recebam a quantidade de oxigênio adequada — o que levou a óbito um paciente de 36 anos em uma das unidades. Nesta mesma unidade, a troca de oxigênio que antes ocorria a cada seis horas agora exige trocas a cada uma hora e meia. As trocas constantes, por vezes, desgastam a estrutura dos cilindros, que podem ficar danificados e exigirem troca.

Ainda, nesta quarta-feira (17), a Secretaria de Saúde (Sesa) do PR confirmou seu primeiro caso de reinfecção por Covid-19 em uma paciente de 39 anos. A paciente testou positivo pela primeira vez no dia 15 de junho do ano passado e, no dia 24 de fevereiro deste ano, testou positivo novamente. Segundo as informações, a reinfecção foi devido ao contágio com a variante P1, popularmente conhecida como “variante brasileira”.

Tentativa de ação conjunta dos governadores

Na tarde desta quarta-feira (17), em Florianópolis (SC), o governador Carlos Moisés (PSL) reuniu-se com os governadores do RS, Eduardo Leite (PSDB) e do PR, Ratinho Junior (PSD), a fim de articular ações coletivas para amenizar os impactos da crise sanitária.

Medidas mais restritivas, como fechamento de atividades não essenciais e lockdown foram descartadas, tendo a reunião pautado-se em articulações para transferências de pacientes, coordenação de insumos entre os estados e a formação de um bloco próprio de compras de vacinas.

Posteriormente, os governadores receberam o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o atual ministro, Marcelo Queiroga, que estão em transição para Queiroga assumir a pasta definitivamente.

Na presença da dupla, os governadores reafirmaram os pontos da reunião anterior, de modo a receber aval do ministério para a compra de imunizantes. O acordo foi de que os estados poderão comprar mais vacinas, que serão integradas ao Plano Nacional de Vacinação (PNI).

A avaliação das reuniões é de que o Sul do país é hoje o epicentro da pandemia, especialmente da variante brasileira, identificada em 80% das pessoas infectadas na região.

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