Beatriz Costa – 26/06/2022 – Publicado originalmente em Universidade À Esquerda
Na última segunda-feira o governo anunciou a terceira troca na presidência da Petrobrás durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro. Após menos de 40 dias da posse de José Paulo Coelho no cargo, Caio Mário Paes de Andrade foi convidado para ocupar a posição mais alta da estatal.
Logo após a chegada de José Paulo Coelho ao cargo de presidente da Petrobrás, a empresa anunciou um ajuste no preço do diesel. O aumento foi de, em média, 8,87% nas refinarias. Depois disso, Bolsonaro anunciou na sua live semanal que haveria mudanças na empresa, chegou a chamar o lucro da Petrobrás de “estupro”.
Apesar de afirmar isso, Bolsonaro também diz que o preço do combustível no país continuará sendo calculado de acordo com o preço internacional, mesmo que a Petrobrás tenha capacidade para produzir a um custo menor. Essa política é chamada de Preço de Paridade Internacional (PPI) e visa abrir espaço para que empresas estrangeiras de combustíveis, como a Shell, possam abocanhar uma parte maior do mercado brasileiro. Desta forma, a Petrobrás é obrigada vender o combustível mais caro do que poderia para acompanhar o mercado internacional e o consumidor brasileiro precisa pagar preços altíssimos mesmo morando em um país com grandes reservas de petróleo e alta tecnologia de extração e refino.
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Caio Mário Paes de Andrade, indicado como novo presidente da estatal, vinha atuando como secretário especial do ministro Paulo Guedes. Ele também é próximo do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que também fazia parte da equipe de Guedes. Esse movimento demonstra o retorno da importância de Guedes nas decisões de Bolsonaro.
Porém, o indicado do governo pode não ser confirmado pela companhia, pois não preenche os requisitos para o cargo exigidos pela Política de Indicações para a Alta Administração da Petrobrás. Um dos requisitos é que o candidato tenha atuado no mínimo três anos no setor de óleo e gás, o que Andrade não atende.
Enquanto permanecer a política de preços da Petrobrás, qualquer mudança de presidente da companhia ou de ministro de Minas e Energia não conseguirá efetivamente diminuir o preço dos combustíveis para a população brasileira.