Foto: Registro do Ato #ForaTemer e suas reformas – Florianópolis/SC, 02/09/2016 – por UFSC à Esquerda
José Braga – Redação UàE – 26/06/2017
Em reunião realizada na última sexta-feira, 23 de junho, as centrais sindicais decidiram por manter a greve geral do dia 30 de junho. As centrais (CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil; CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros; CSP Conlutas – Central Sindical e Popular; CTB – Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil; CUT – Central Única dos Trabalhares; Força Sindical; Intersindical – Central da Classe Trabalhadora ;NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores; UGT – União Geral dos Trabalhadores) publicaram uma nota conjunta que afirma que dia 30 “vamos parar o Brasil contra a reforma trabalhista, em defesa dos direitos e da aposentadoria”.
Houve um recuo da consigna, ao invés da convocação conjunta da greve geral depois de um “acalorado debate”, como reportou o portal Esquerda Online, as centrais decidiram por manter um chamado conjunto por parar o país. Estava em jogo na reunião à manutenção ou não da greve geral uma vez que uma série de recuos e hesitações foram apresentados nas últimas semanas por parte das centrais.
O indicativo para a greve geral já havia sido deliberado em 30 de maio em reunião da centrais, logo após o ato #OcupaBrasília do dia 24 de maio. Desde então, polêmicas foram abertas entre as centrais, o que colocou em questão a manutenção da greve: já no esquenta para a greve ocorrido no dia 20/06, o lançamento de um material unitário que não trazia o chamado para greve geral do dia 30 trouxe divergências; o mais grave, no dia 21 de junho a Força Sindical, UGT, NCST e CSB, se reuniram com o ministro do trabalho para discutir a redução/extinção do imposto sindical e negociar com o governo, o que logo foi anunciado pelo jornal burguês Folha de São Paulo (Leia também a nota da CSP-Conlutas sobre o ocorrido); por último a CUT, maior central sindical do país, demorou a botar peso no chamado para a greve, apenas no dia 22 de junho aprovou uma resolução convocando as bases para a greve geral
Os recuos e as vacilações destas que são as maiores centrais do país estavam enfraquecendo até então o chamado para a greve geral, que vinha sendo consideravelmente mais frágil do que para a greve do dia 28 de abril. Nesta última reunião, no entanto, decidiu-se que dia 30 será dia parar o Brasil contra a reforma trabalhista, em defesa dos direitos e da aposentadoria e que entre os dias 27 e 29 haverá mobilização contra a aprovação da reforma no Senado. Leia a nota das centrais na íntegra:
NOTA DAS CENTRAIS SINDICAIS23 de junho de 2017, São Paulo, SP
DIA 30 DE JUNHO – VAMOS PARAR O BRASIL CONTRA A REFORMA TRABALHISTA, EM DEFESA DOS DIREITOS E DA APOSENTADORIAAs Centrais Sindicais têm acompanhado cotidianamente os desdobramentos da crise econômica, política e social, bem como a mais ampla e profunda tentativa de retirada dos direitos dos trabalhadores, através da tramitação das Reformas Trabalhista e da Previdência no Congresso Nacional.
A ação unitária das Centrais Sindicais tem resultado em uma grande mobilização em todos os cantos do país, como vimos nos dias 08 de março, 15 de março, na Greve Geral de 28 de abril e no Ocupa Brasília em 24 de maio. Como resultado do amplo debate com a sociedade e das mobilizações, conseguimos frear a tramitação da Reforma da Previdência e tivemos uma primeira vitória na Reforma trabalhista, com a reprovação na CAS (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado).
Mas ainda não enterramos essas duas reformas, e por esse motivo, continuamos em luta. Nesse contexto, as Centrais Sindicais reunidas no dia de hoje conclamam todas as entidades de trabalhadores a construir o dia 30 de junho de 2017 e o seguinte calendário de luta:
- 27 de junho: audiência dos Presidentes das Centrais Sindicais no Senado; • 27 a 29 de junho: atividades nos aeroportos, nas bases dos senadores e no senado federal; • 30 de junho: Vamos parar o Brasil contra a reforma trabalhista, em defesa dos direitos e da aposentadoria. • No dia da Votação da Reforma Trabalhista no Senado: mobilização em Brasília Estamos certos de que a unidade de ação é crucial na luta sindical sobretudo em momentos conturbados como o que atravessamos.
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros CSP Conlutas – Central Sindical e Popular CTB – Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil CUT – Central Única dos Trabalhares Força Sindical Intersindical – Central da Classe Trabalhadora NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores UGT – União Geral dos Trabalhadores
Em consulta ao sítio do ministério do trabalho é possível verificar o peso das centrais citadas, a distribuição de sindicatos por centrais é de: CUT – 2322 sindicatos; Força – 1698 sindicatos; UGT – 1318; NCST – 1175; e CSB – 754 (Consulta realizada no dia 26 de junho de 2017. Os dados podem ser encontrados no portal do ministério do trabalho). Assim que seus recuos e vacilações apesar de esperados (Força é dirigida pelo partido Solidariedade, que está na base do governo; CUT é dirigida pelo Partido dos Trabalhadores, que tem construído a linha política para alçar Lula à eleição de 2018) são graves.
Sendo assim a manutenção da greve foi um importante passo para os trabalhadores que terá a tarefa de desde as bases construir as lutas, e para a além da resistência contra os ataques da burguesia, com muita imaginação política debater e pensar saídas para crise. Este pode ser o caminho para que o gigantismo de nossa classe não se resuma no tamanho destas centrais e para não nos aprisionarmos no programa político de suas direções.