Foto: Os manifestantes dirigem-se para o centro de Brest, na ponte Harteloire, 5 de Dezembro. Reprodução/Vassili Feodoross para Le Monde.
Morgana Martins – para o Universidade à Esquerda – 05/12/2019
Depois de semanas de preparação, hoje, dia 5 de dezembro, inicia-se a greve indeterminada contra a Reforma da Previdência proposta pelo governo de Emmanuel Macron. Trabalhadores ferroviários, professores, estudantes, policiais, advogados, trabalhadores de hospitais e os “coletes amarelos” estão se mobilizando ao lado de seus sindicatos e partidos, de forma que a França acordou hoje com aproximadamente 245 manifestações pelo país.
As reivindicações feitas pelos sindicatos envolvem a volta da aposentadoria aos 60 anos à taxa plena, e não uma aposentadoria abaixo do salário mínimo; a recusa da adesão à reforma universal por pontos; a não prorrogação da duração da contribuição, nem aumento da idade de partida e nem a redução da aposentadoria. E isso significa, de uma forma geral, reafirmar o princípio de solidariedade entre as gerações.
Os números disponibilizados pelo governo e pelos sindicatos demonstra que a greve tem grande adesão pelo território: 55% das escolas estarão fechadas – em Paris o número chega a 78% – e 70% dos professores de escola primária em greve; a maioria dos transportes das grandes cidades estão fechados ou operando com frota reduzida em horários de pico; sete de oito refinarias francesas geridas pela Total estão bloqueadas; a AirFrance anunciou o cancelamento de 30% de seus vôos domésticos e 15% de seus voos de médio curso e a EasyJet anunciou o cancelamento de 233 voos domésticos; e os trabalhadores dos hospitais, em greve depois de oito meses, irão se juntar às manifestações a partir do dia 10 de dezembro.
Além disso, de acordo com a pesquisa da Odoxa-Denstu Consulting publicada no dia 28 de novembro, para os jornais franceinfo e Le Figaro, 66% dos franceses acreditam que o movimento grevista é justificado. A pesquisa aponta também que quase todas as categorias da população apoiam a greve do dia 5 de dezembro: 81% dos trabalhadores do setor público, 63% dos trabalhadores do setor privado, 63% dos trabalhadores independentes e 53% dos aposentados. Outra pesquisa realizada pelo instituto YouGov, demonstra que o movimento é apoiado por 48% da população, um número certamente expressivo.
As medidas precisas sobre a Reforma da Previdência devem ser anunciadas alguns dias antes do dia 25 de dezembro, mas a ideia principal já apresentada consiste em acabar com os regimes de base e complementares e substituí-los por um regime de aposentadoria universal, organizada através de um sistema de pontos. Porém, o primeiro ministro, Édouard Philippe, já adiantou que, com certeza, será necessário trabalhar mais tempo.
Atualizado: até o momento são 250 manifestações espalhadas pelo país. Desde o começo das manifestações, por volta das 7h, até agora o Estado já realizou 6 476 controles preventivos e 65 prisões.