Foto: Herdjania Veras, segundo lugar na consulta pública, nomeada para reitora da UFRA. Arquivo pessoal da professora / Reprodução do site da UFRA).
Leila Regina – Redação UFSC à Esquerda – 14/07/2021
Diante do cenário de crescente autoritarismo, mais uma universidade não tem sua escolha de reitor respeitada. No dia 13/07, a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) teve a nomeação pelo governo federal de Herdjânia Veras como reitora. A decisão ignorou a consulta pública e lista tríplice que indicaram Janae Gonçalves como vencedora.
A situação se repete em 25 outras Instituições Federais de Ensino Superior pelo Brasil, sejam universidades ou institutos. Desde o início do governo Bolsonaro intervenções na escolha da reitoria têm sido frequentes. Em muitos casos o governo se aproveitado de um arcabouço legal que permite a escolha do reitor entre os indicados em uma lista tríplice para ignorar as decisões tomadas dentro do âmbito universitário.
A candidata Janae foi eleita em 07/04/2021 com maioria de votos da comunidade universitária, composta por professores, estudantes e técnico-administrativos em educação, Foram 2211 para Janae, mas a nomeada foi Herdjânia, que ficou em segundo lugar na eleição com 1580 votos.
A comunidade universitária tem demonstrado sua indignação com o desrespeito da autonomia universitária e a escolha de uma reitora pelo seu alinhamento às políticas do governo federal. O Sindicato dos Trabalhadores das Instituições federais de ensino superior do estado do Pará – Sindtifes, repudiou a intervenção e defendeu que a reitora eleita seja a empossada. Fez essa defesa apesar das divergências políticas com a gestão de Janae por entender a intervenção como uma afronta ao princípio democrático.
Parlamentares e outras entidades, como o conjunto dos centros acadêmicos da universidade, também se posicionaram contrários a intervenção. Manifestações indicam que foi um golpe e um desrespeito as tradições democráticas.
Esta prática recorrente do atual governo soma-se a outros ataques às universidades, como o corte de orçamento e as políticas privatizantes. O governo tem atuado sistematicamente para deslegitimar o papel das universidades na produção de conhecimento científico no país. O ataque às universidades é um ataque a própria produção de crítica social e deve ser combatido pelo conjunto da sociedade.