Foto: UFSC à Esquerda
Marcelo Ferro – Redação do UàE – 23 de fevereiro de 2018
No dia 8 de janeiro, o Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia (DPAE) deu início às obras do projeto piloto que visa criar trajetos de acessibilidade universal no Campus Trindade. A realização das Rotas Acessíveis também servirá para orientar futuras intervenções e reformas na UFSC. Todos os trajetos serão readequados segundo as normas da acessibilidade universal, com alargamento dos passeios, implementação de piso tátil e iluminação adaptada.
A execução será em duas etapas: a primeira, já iniciada, cria uma rota ligando o Restaurante Universitário à Biblioteca Central, que fará o contorno do Centro de Cultura e Eventos, e se estenderá por toda a Praça da Cidadania em frente aos mosaicos da Reitoria, ícone da universidade.
A segunda etapa será uma intervenção no trecho entre a BU e o Centro Sócio-Econômico, criando uma ciclovia e uma faixa elevada para travessia de pedestres. O ponto de ônibus da BU será reformado, assim como a entrada do estacionamento do CSE, onde será implementada cancela. O projeto prevê a instalação de uma guarita na entrada do campus.
Início das aulas
A primeira etapa do projeto estará em plena execução quando começarem as aulas, na próxima segunda (26). Os calouros que vieram fazer a matrícula presencial já devem ter se deparado com os trechos interditados, com o piso de pedra portuguesa removido, ao lado da Reitoria e do RU.
Durante o primeiro mês de aulas as obras continuarão a avançar pelo caminho do laguinho e pela frente do Centro de Eventos, fazendo a curva na altura do pé de jenipapo, e, então, seguirão em linha reta até o outro lado da Reitoria. Em todo o trecho, o mosaico português será substituído por piso cimentício.
A execução das Rotas Acessíveis vem na sequência da mudança na Política de Ações Afirmativas da universidade, que instituiu prioridade para pessoas com deficiência em 22% das vagas reservadas. Estima-se, ao todo, 495 vagas para a modalidade, em todos os campi da UFSC.
Praça da Cidadania
A Praça da Cidadania, onde se encontra o prédio da Reitoria, é projeto de Roberto Burle Marx, considerado um dos maiores arquitetos paisagistas do século XX. O projeto original é de 1970, porém ela só foi inaugurada oficialmente em 1994, por ocasião da histórica aula magna do sociólogo Betinho.
As modificações no projeto de Burle Marx foram, com o tempo, distanciando a obra de sua concepção original — a de um lugar de convergência da universidade, com espaços de estar entre as árvores tropicais, de extensão e de encontro da comunidade universitária e externa — para se tornar cada vez mais um local de passagem.
Estudos sobre a possível reconstituição do projeto original têm sido realizados, além de iniciativas para restauração e tombamento da praça.[1] As propostas resgatam os aspectos originais como a continuidade do espaço, suprimindo os desníveis das vias de asfalto (que foram introduzidas posteriormente), e a requalificação da vegetação e do paisagismo de Burle Marx, afirmando seu conceito de humanização do campus e de abertura da universidade para a sociedade.
[1] Um estudo recente é o trabalho de Vivian Dall’Igna Ecker, de 2014, “A praça como locus da sociabilidade: estudo de caso da Praça da Cidadania, no Campus da UFSC”, dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade da UFSC.
