Imagem: Mariana Leal/MEC.
Nina Matos – Redação UàE – 09/07/2020
Publicado originalmente em Universidade à Esquerda.
Na quarta-feira (8), o Ministério da Educação (MEC) anunciou a nova data das provas impressas e digitais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020: 17 e 24 de janeiro e 31 de janeiro e 7 de fevereiro do próximo ano.
Após a polêmica acerca do adiamento do Enem ser votada no Senado, no dia 19 de maio, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) lançou uma enquete online para os inscritos oferecendo três opções de datas.
Enem impresso | Enem Digital | |
Opção 1 | 6 e 13 de dezembro de 2020 | 10 e 17 de janeiro de 2021 |
Opção 2 | 10 e 17 de janeiro de 2021 | 10 e 17 de janeiro de 2021 |
Opção 3 | 2 e 9 de maio de 2021 | 16 e 23 de maio de 2021 |
Dos quase 5,8 milhões de inscritos, aproximadamente 20% responderam a enquete, sendo que cerca de 50% optaram pela terceira opção. A segunda opção, mais próxima da data que foi definida para a realização da prova, obteve 35,3% dos votos.
O secretário-executivo do MEC, Antonio Paulo Vogel, junto do presidente do Inep, Alexandre Lopes, anunciaram os resultados da enquete em coletiva de imprensa realizada na semana passada (1º de julho), explicando que ela foi apenas para consultar a opinião dos inscritos, que ainda seriam consultadas entidades do ensino médio e superior e que a realização da prova em maio atrasaria o cronograma das faculdades.
Ainda na gestão de Weintraub, a luta para manter as provas do Enem para novembro empenhou o ex-ministro em diversas polêmicas. As justificativas para a manutenção da data giravam em torno da ideia da meritocracia, chegando a dizer que os estudantes deveriam se virar para estudar em casa e que o Enem “não é feito para atender injustiças sociais e, sim, para selecionar os melhores candidatos”.
Manter a prova em novembro, especialmente mediante ao agravamento da crise sanitária, foi recebida como irresponsabilidade na maioria das esferas da sociedade. Não só seria impossível que as medidas sanitárias necessárias fossem cumpridas, mas, com as escolas paralisadas e a dificuldade de manter os estudos via ensino remoto, agravaria as condições para a realização da prova entre as camadas mais pauperizadas da classe trabalhadora.
No lançamento do edital do Enem¹, inclusive, o Inep não apresentou nenhuma medida amenização do contágio, ou instrução de isolamento social, uso de máscara, qualquer coisa do gênero. Apenas incluiu a possibilidade de reaplicação da prova aos estudantes que estiverem com alguma doença infectocontagiosa como sarampo, rubéola, varicela — o único momento em que o Covid-19 é citado no edital.
Desde o anúncio da manutenção do Enem uma série de campanhas e manifestações contra a realização da prova nesses termos reuniu diversos movimentos em prol da segurança dos estudantes. A posição do MEC e do Inep é clara: privar a classe trabalhadora do acesso ao ensino superior faz parte do conjunto de ataques que vêm para precarizar cada vez mais nossas condições de vida. Atacam as universidades públicas, a previdência, os direitos trabalhistas, e ceifam a pequena possibilidade de alterar essa lógica através do ensino superior — em que a classe trabalhadora ainda coloca as esperanças de melhora de vida e ascensão social.
Leia também: Por que devemos lutar pelo adiamento do ENEM?
¹Edital nº 33, de 20 de abril de 2020 do Enem 2020 para a prova impressa.
Imagem: Mariana Leal/MEC.