Caroline Custódio – Redação UàE – 26/06/2020
Frente a iminente implementação do ensino remoto na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), como forma de “recuperar” o semestre de 2020.1 e de realizar o semestre 2020.2 durante a pandemia da Covid-19, o movimento docente da UFSC chamado “Docentes em Movimento” lançou um manifesto no qual se declara contra o “ensino” remoto.
O manifesto é autoconvocado pelos professores que o assinam e que fazem parte do “Docentes em Movimento”. Os docentes consideram que há outras possibilidades de repensar a organização do ensino de forma menos excludente e que leve em consideração a sua qualidade, indo contra o ensino remoto como substituinte das atividades presenciais como única alternativa às universidades no momento.
Além disso, apontam preocupações com o trabalho docente e dos técnicos-administrativos em educação, em caso de atividades remotas.
Leia o Manifesto na íntegra:
CONTRA O “ENSINO” REMOTO MANIFESTO DE PROFESSORES DA UFSC Os/As professores/as da UFSC abaixo-assinados vêm a público manifestar sua posição contrária à implantação do “ensino” remoto na UFSC como resposta para as necessidades impostas pelo isolamento social decorrente da Pandemia da COVID-19. Compreendemos sua gravidade e nossas responsabilidades frente à situação; assim, afirmamos nosso posicionamento em defesa da vida, da saúde e da educação pública como direitos humanos e sociais. Defender a vida exige investimento em ciência em todas as dimensões e responsabilidades ética e social das mais diferentes instituições que promovem a formação humana e produzem conhecimento. A educação e a formação humana são aspectos que demandam relação interpessoal e coletiva, apropriação ativa e criativa de saberes universais, imersão em processos de estudo e construção do conhecimento histórico e social. O processo de ensino e aprendizagem supõe práticas sistemáticas, regulares, planejadas, diz respeito à relação entre sujeitos e objetos, sujeitos e fenômenos, sujeitos e sujeitos, implica uma atividade comum, colaborativa entre professor e alunos. A educação – processo pelo qual nos tornamos humanos – depende da ação coletiva, da vida social, da interação humana. O debate e as proposições para a educação nesse momento têm sido pautados pelo capital como oportunidade de expansão, mercadorização e privatização deste direito social, colocando o “ensino” remoto como única solução. Perguntamos: por que nossa preocupação maior deve ser com o cumprimento do calendário escolar e não com o processo formativo? Por que o ano escolar precisa coincidir com o ano civil? Que noção de tempo e espaço é esta que não considera a preeminência da preservação da vida? Que interesses internos e externos subjazem à urgência de “aprendizagem”? O que está no horizonte desse modo de aprender (via remota) e como se pretende viabilizá-lo? Quais os prejuízos dessa solução para a formação dos estudantes? Quais as suas consequências sobre o trabalho docente e de técnico-administrativos? Estamos em tempos de reclusão, de isolamento social, de cuidado com a saúde, de aproximação profunda entre os que coabitam, de diálogo. Tempos que também exigem investigações sobre a saúde (física e psíquica), a sociabilidade, as relações humanas, sobre o momento crítico no qual estamos vivendo. Se a vida não está “normal”, as atividades pedagógicas também não poderão estar. As discussões na UFSC sobre “ensino” remoto estão aceleradas, limitadas e, em alguns casos, antidemocráticas. Reestabelecer um calendário escolar neste momento pode ser precipitado e, certamente, excludente de pelo menos 37% dos estudantes que não responderam ao diagnóstico realizado na UFSC, talvez pela falta de acesso à internet, e de uma média de 8% dos que responderam não terem condições para tanto. Diante do exposto, defendemos que:
Diante do exposto, e por estarmos conscientes dos riscos infligidos à Universidade, nos manifestamos contrários à adoção do “ensino” remoto na UFSC e a favor da vida e dos cuidados exigidos no atual contexto. Florianópolis, 23 de junho de 2020. Assinam: Adriana D’Agostini – CED Olinda Evangelista – CED Paulo Rizzo – CTC Nise Jinkings – CED Mauro Titton – CED Bartira Grandi – CFM Célia Regina Vendramini – CED Maria Regina Ávila – CSE Maria Teresa dos Santos – CSE Vânia Manfroi – CSE Janice Tirelli – CFH Lucena D’Alba – CED Giandréa Reuss Strenzel – CED Maurício Roberto da Silva – CDS Marli Auras – CED Eloísa Candal Rocha – CED Ricardo Gaspar Mülher – CFH Paulo Horta – CCB Carolina Picchetti Nascimento – CED Julia Moreira – CFH Patrizia Ana Bricarello – CCA Edivane de Jesus – CSE Giseli Day – CED Juliete Schneider – CED Jaime Hillesheim – CSE Astrid Baecker Ávila – CED Vera Inêz Gauer – CSE Ricardo Lara – CSE Fabiana Luiza Negri – CSE Adir Valdemar Garcia – CED Carolina Orquiza Cherfem – CED Edson Anhaia – CED Gabriela Furlan Carcaioli – CED Iraldo Alberto Alves Matias – CFH João Matheus Acosta Dallmann – CTS/Araranguá Jeferson Silveira Dantas – CED Jocemara Triches – CED Lilane Maria de Moura Chagas – CED Luciana Pedrosa Marcassa – CED Marcos Bassi – CED Maria Aparecida Lapa de Aguiar – CED Maria Carolina Machado Magnus – CED Maria Helena Michels – CED Natacha Eugênica Janata – CED Patrícia Laura Torriglia – CED Paulo Pagliosa – CFM Regina Ingrid Bragagnolo – CED Rosalba Maria Cardoso Garcia – CED Sandra Luciana Dalmagro – CED Simone Sobral Sampaio – CSE Simone Vieira de Souza – CED Soraya Franzoni Conde – CED Maria Terezinha Silveira Paulilo – CCB Carlos Eduardo Dos Reis – CED Graziela Del Monaco – CED Sonia Beltrame – CED Beatriz Garcia Nunes – CED Eliete Vaz – CSE Priscila Genara Padilha – CCE Débora Peixe – CED Letícia Cunha da Silva – CED Marília Daniela Tessarin Watashi – CED Ti Ochoa – CED |
Olá! Comungando com os Mestres-professores…estes ,sabem se defender(espírito de grupo-profissional-experientes). Há atividades didáticas que exigem observação direta-avaliativa-orientador/orientado; em função de personalizar a capacidade real