[Notícia] Museu Nacional: ANDESUFSC e Grupos de Pesquisa se manifestam em defesa da UFRJ e do reitor Roberto Leher

Clara Fernandez – Redação UàE – 11/09/2018

Após o incêndio que devastou o Museu Nacional e destruiu inúmeros patrimônios históricos de valores inestimáveis, tanto notícias falsas ao estilo de correntes, quanto em grandes veículos midiáticos, tentaram responsabilizar a Universidade Federal do Rio de Janeiro e sua Reitoria pela tragédia nacional. Notícias que afirmavam que a Universidade havia negado 80 milhões do Banco Mundial e que a Reitoria não estava fazendo os repasses adequados ao museu logo foram desmentidas em nota pública pelo próprio Banco Mundial, assim como pela divulgação ampla e transparente do quadro financeiro da Universidade.

Entretanto, na última quarta-feira (05/09), os principais banqueiros do país estiveram em reunião com o Presidente Michel Temer e pediram a demissão do reitor da UFRJ em troca de liberação de recursos para reconstrução do museu. Estiveram presentes nesta reunião o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, os comandantes do Banco do Brasil, do Itaú Unibanco, do Bradesco, da Caixa Econômica Federal, do Santander, do BTG Pactual e do Safra.

Nesta mesma levada, também foram feitos apelos midiáticos para que o Museu seja desvinculado da UFRJ, tentando desviar o olhar público da principal causa que levou ao seu incêndio: o estrangulamento dos recursos para as verbas da ciência e educação no país, enquanto as dívidas imensas dos principais bancos do país seguem sendo perdoadas pelo governo Federal.

Deste modo, a seção sindical do ANDES na UFSC, assim como os grupos de pesquisa GEPETO, GEPOC, GIPE, LUTE, TMT e NEPTQSAL da UFSC e UDESC se manifestaram publicamente em solidariedade e defesa tanto da UFRJ, como de sua reitoria.

Confira na íntegra a nota do ANDESUFSC:

Nota em defesa da UFRJ pública e do Reitor Roberto Leher

A Diretoria da Seção Sindical do ANDES-SN na UFSC se solidariza com a UFRJ e com o Reitor Roberto Leher, que neste momento sofrem diversos ataques, desde os cortes de verbas e o decorrente processo de sucateamento da Universidade e suas atividades fins até a repressão e a perseguição, como a exposta na reunião do dia 5/9 entre banqueiros (presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, os comandantes do Banco do Brasil, do Itaú Unibanco, do Bradesco, da Caixa Econômica Federal, do Santander, do BTG Pactual e do Safra ) e o presidente ilegítimo Michel Temer. Nesta reunião os banqueiros acenaram com hipotético apoio financeiro para a reconstrução do Museu Nacional, porém condicionado à demissão do reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, eleito democraticamente pela comunidade acadêmica desta Universidade. Fica evidente mais esta tentativa dos banqueiros de se apropriarem do patrimônio público, assim como escancaram seu projeto de privatização, também defendido por empresários, pautado na administração dos órgãos públicos por uma Organização Social (OS). Os banqueiros aproveitam-se da comoção pública gerada pela tragédia do incêndio no Museu Nacional, causada pelo processo de precarização das universidades públicas gerada pela política vigente, que eles formulam e sustentam, para chantagear e avançar com seu processo mesquinho de ampliação dos nichos de mercado e investimentos visando seu próprio enriquecimento. Defendemos a universidade pública, a produção da ciência, da tecnologia e da cultura pelos órgãos públicos e a qualidade dos serviços públicos tão necessários a soberania da nação conclamamos todos a defender a UFRJ.

Diretoria ANDESUFSC Florianópolis, 6 de setembro de 2018.

Confira na íntegra a nota dos grupos de pesquisa da UFSC e da UDESC:

Na última segunda-feira, 10/09/18, o Presidente Michel Temer assinou duas medidas provisórias, que de forma indireta ferem com a autonomia de Museus e Universidades. A primeira delas trata-se da criação da Abram, Agência Brasileira de Museus, organizada na forma de Serviço Social Autônomo, que irá gerir os museus que estão subordinados pelos ministérios da Cultura e Educação, comandará a reconstrução do museu nacional e irá assumir o lugar do Instituto Brasileiro de Museus, que se organizava como uma autarquia.

Isto significa que embora se mantenha o vínculo com cursos e pesquisas da Universidade, a administração dos recursos e a decisão sobre o futuro e a reconstrução do Museu Nacional estará majoritariamente na mão da Abram, assim como o destino de outros museus no Brasil. A medida provisória foi publicada como decreto 850 no diário oficial da união na manhã de hoje. A segunda medida, trata-se de fundos patrimoniais, com o intuito de estimular doações privadas para projetos de interesses públicos, tanto em museus, quanto em outros âmbitos.

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