Maria Alice de Carvalho – Redação UàE – 15/06/2018
Nesta quinta-feira (14/06), a descriminalização do aborto foi aprovada pelos deputados da Argentina. Pode-se dizer que os estudantes secundaristas tomaram linha de frente nessa luta e foram fundamentais nessa conquista.
Por conta da discussão no parlamento com relação a descriminalização do aborto, escolas argentinas passaram a ter em seu cotidiano palestras e discussões entre os estudantes do ensino médio, os quais fizeram deste assunto que até então não poderia ser tópico do espaço escolar sua prioridade nos últimos meses.
No dia anterior a votação que ocorreu no dia de ontem na Câmara dos Deputados, estudantes ocuparam doze escolas públicas da cidade de Buenos Aires como forma de exigir a aprovação da lei do aborto legal, seguro e gratuito.
A decisão de ocupar as escolas e se manter dentro delas até a hora de votação foi resultado de concorridas assembleias. Inclusive, na escola Nacional Buenos Aires, apesar de o diretor se antecipar e fechar todos os portões da escola com a desculpa de que haveria ocorrido um problema com o fornecimento de água, os estudantes não se desmobilizaram e passaram a noite toda na via pública em frente a escola.
Para evitar essa última ocupação dos estudantes em luta pela descriminalização do aborto, as autoridades de Buenos Aires se mantiveram em contato com diretores de escolas e líderes estudantis, porém isso não impediu que o movimento emergisse e, inclusive, com força. A prefeitura de Buenos Aires e alguns diretores pediram aos pais que se responsabilizassem e retirassem seus filhos das escolas, porém, o que se observou nessa quarta-feira foi a permanência de estudantes, em sua maioria homens, vigiando as escolas ocupadas, enquanto as suas colegas estudantes se deslocavam para a praça do Congresso em exigência a aprovação da descriminalização do aborto.
A prática de ocupação de escolas na Argentina como forma de luta política pelos estudantes vem se repetindo durante os últimos anos. No ano de 2015, por exemplo, os estudantes ocuparam as escolas em defesa da educação pública e, em 2017, se posicionando contra a reforma educativa que instaurava um programa de estágio profissional.