Nina Matos – Redação UàE – 24/06/2020
Em vídeo publicado nas redes sociais, na segunda-feira (22), o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), anunciou novas medidas de isolamento na cidade, que começaram partir de ontem (24) com previsão de duração de duas semanas.
As novas medidas incluem restrições no funcionamento de bares e restaurantes, que poderão funcionar apenas durante o dia e nos dias de semana (tendo liberação para o delivery e retirada no balcão), o fechamento de shoppings, galerias, academias e demais serviços não essenciais, e áreas públicas de lazer, tais como a Beira-mar Norte, parques e praias, passam a ser proibidas em dias de semana. Também houve aumento de dez vezes o valor da multa para aqueles que forem pegos sem máscara — que agora passa a valer para qualquer espaço público.
Tais medidas surgem em um momento delicado de ascensão do Covid-19 na cidade. Após comemorar 33 dias sem mortes por coronavírus, o número de casos aumentou de 100 para mais de 300, além de que o número de internados em UTIs dobrou — inclusive, a UTI do Hospital Regional de São José atingiu 100% de sua capacidade.
No início do vídeo, o prefeito afirma que não gostaria de tomar tal decisão, mas que, devido a “abuso e irresponsabilidade” da população, as restrições deverão ser mais severas. Em compensação, para justificar a permanência do funcionamento dos ônibus, afirma que o comportamento foi “exemplar”.
Tanto o governo municipal quanto o estadual já flexibilizaram as medidas de isolamento, com a abertura do comércio, retorno da circulação dos ônibus, e mais recente, a autorização do ensino presencial combinado ao remoto na rede estadual e das atividades presenciais no ensino superior.
Além disso, as novas medidas, ao restringir somente o período noturno e finais de semana, acabam por privar do lazer apenas a classe trabalhadora, que continua se expondo no comércio que está em funcionamento, ou na informalidade, devido às reduções de salário que colocam os trabalhadores em busca de outros trabalhos a fim de complementarem a renda.
Já passou da hora de reduzir a circulação da população para evitar que o vírus se espalhe e leve mais pessoas aos hospitais. Mas para que isto ocorra efetivamente não podemos continuar permitindo a venda da vida da classe trabalhadora ao empresariado. Não é meramente culpa do lazer que o número de casos aumentou, mas da falta de responsabilidade em ceder a circulação dos ônibus e reabertura do comércio em geral. Não podemos deixar que os governantes eximam-se da culpa por esse aumento.