[Notícia] Pesquisa da UFF prevê até 5000 óbitos diários nos próximos meses

Ilustração: Richard McGuire

Morgana Martins – Redação UàE – 25/03/2021

Desenvolvida por Márcio Watanabe na Universidade Federal Fluminense (UFF), a pesquisa intitulada “Detecção precoce da sazonalidade e predição de segundas ondas na pandemia de COVID-19” mostra que nos meses de março a abril de 2021 a pandemia tende a se agravar em países do hemisfério sul, sendo o pico de óbitos em abril ou início de maio, com valor estimado entre 3000 a 5000 mil óbitos diários. 

A pesquisa teve início em abril de 2020 e se desenvolveu com base em uma análise de dados epidemiológicos de mais de 50 países de todo o mundo. Segundo Márcio, a sazonalidade de uma doença só é detectada depois de alguns anos de incidência, mas com a COVID-19 foi possível verificar os picos em menos de um ano por causa da quantidade de informação produzida por todos os países. 

“A sazonalidade de doenças significa que existe um padrão anual onde há um momento do ano em que a doença tem uma transmissão maior. No caso das doenças de transmissão respiratória, geralmente elas apresentam uma sazonalidade típica do período de outono e inverno, ou seja, elas têm uma transmissão maior e, portanto, uma quantidade maior de pessoas infectadas nos meses de outono e inverno”, explica Watanabe. Além disso, o autor verificou a repetição da sazonalidade  da pandemia de H1N1 em 2009.

Porém, o autor deixa claro que as medidas de restrição de circulação e isolamento social são fatores centrais na dinâmica da pandemia, portanto, o valor real do pico depende fundamentalmente dessas políticas de combate à transmissão do vírus, bem como do avanço da vacinação (que no Brasil, tem caminhado a passos lentíssimos). A pesquisa mostrou que medidas de isolamento são capazes de frear o aumento de casos, bem como a redução de aglomerações como tem acontecido nos transportes coletivos.

As perspectivas, segundo o estudo, é de que a partir de 2022 a COVID-19 deve seguir o padrão sazonal da gripe e de outras enfermidades respiratórias, com aumento de casos e óbitos de março a junho e uma diminuição em outras épocas do ano (isso para o hemisfério sul). Essa noção é importante, segundo Márcio, pois também auxilia no planejamento das ações do poder público, os quais poderiam ter antecipado o aumento de hospitalizações e óbitos que tem ocorrido no último mês.  

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *