Maria Alice de Carvalho – Redação UàE – 28/05/2018
Greve por tempo indeterminado que começou a ser votada na segunda semana de maio pelos petroleiros, aprovada por mais de 90% dos trabalhadores dessa categoria e que envolverá trabalhadores próprios e terceirizados na construção de uma greve, ocorre “em resposta ao maior desmonte da história da Petrobrás, que avança agora sobre as refinarias, fábricas de fertilizantes, terminais e dutos da Transpetro”, de acordo com comunicado da Federação Única dos Petroleiros (FUP) no dia 17 de maio.¹
A partir de 00h00 de quarta-feira (30/05), os petroleiros irão parar por 72 horas e, caso não haja negociações, manterão a paralisação por tempo indeterminado.
Nessa greve construída nacionalmente pelos petroleiros, as principais pautas são a redução dos preços de combustíveis e gás de cozinha, manutenção de empregos e retomada da produção interna de combustíveis, fim das importações de gasolina e outros derivados de petróleo, fim das privatizações e desmonte do Sistema Petrobrás e, ainda, demissão de Pedro Parente, atual presidente da Petrobrás.
“[…] os petroleiros farão a maior greve da história da Petrobrás. Uma greve que não é por salários, nem benefícios. Uma greve pela redução dos preços do gás de cozinha, da gasolina e do diesel. Uma greve pela retomada da produção de combustíveis nas refinarias brasileiras e pelo fim das importações de derivados de petróleo. Uma greve contra o desmonte da empresa que é estratégica para a nação.” Comunicado da FUP, em 25 de maio²
Os petroleiros denunciam, durante a construção dessa greve, que a atual política prejudica a Petrobrás, ao permitir que importações ditem o funcionamento do mercado do combustível brasileiro e que, de acordo com os sindicatos associados à FUP, a gestão da empresa pratica preços altíssimos para possibilitar a importação de diesel dos Estados Unidos.
Dados apresentados pela FUP apresentam que o número de importadoras de derivados do petróleo quadruplicou nos últimos dois anos, desde que Pedro Parente adotou preços internacionais e que, em 2017, o Brasil recebeu mais de 200 milhões de barris de combustíveis importados, enquanto as refinarias nacionais operam com menos de 70% de sua capacidade.
A greve, que antes estava sendo convocada apenas com o intuito de protestar contra o plano de vendas de ativos da Petrobras, passou a incluir os preços de gasolina e diesel como pauta após o início da greve dos caminhoneiros. Em comunicado lançado no dia 23 de maio³, a FUP anunciou que “o aumento diário dos preços da gasolina e do diesel faz parte do pacote de desmonte que a empresa vem sofrendo nesses dois anos do golpe”.
A construção da greve, em nível nacional, está ocorrendo com atos e manifestações desde o dia 21 de maio e, no dia de ontem (27/05), petroleiros já realizaram atrasos e cortes de rendição nas quatro refinarias e fábricas de fertilizantes que estão em processo de venda, sendo elas: Rlam (BA), Abreu e Lima (PE), Repar (PR), Refap (RS), Araucária Nitrogenados (PR) e Fafen Bahia. E, no dia de hoje (28/05), a FUP realiza o Dia Nacional de Luta, com atos e mobilizações em todo o Sistema Petrobrás, com o intuito de denunciar os interesses que se encontram por trás da política de preços dos combustíveis.
¹http://www.fup.org.br/ultimas-noticias/item/22668-fup-define-calendario-da-greve-contra-a-privatizacao-da-petrobras
²http://www.fup.org.br/ultimas-noticias/item/22731-esclarecimento-a-populacao-sobre-os-precos-abusivos-de-combustiveis
³http://www.fup.org.br/ultimas-noticias/item/22708-petroleiros-fazem-esquenta-para-a-greve