Luiz Costa – Redação UàE – 11/09/2017
A praça da Trindade que pertencia a Universidade Federal de Santa Catarina e foi concedido à prefeitura de Florianópolis está à beira da privatização. A truculência da classe dominante sobre o povo não se limita apenas aos grandes negócios. Entre a devastação dos direitos da classe trabalhadora e os inúmeros escândalos de corrupção, há, também, ações resultantes da pequena esfera política, seja na cidade, bairro ou universidade. Um exemplo disso é atual tentativa de privatização da Praça Santos Dumont, mais conhecida como Praça do Pida. No dia 17 do mês passado a praça recebeu uma “limpeza” em uma ação conjunta entre o Ministério Público de Santa Catarina e a Prefeitura de Florianópolis. A fim de “renovar” o atual cenário do Pida, foi demolida a construção abandonada que servia de abrigo para moradores de rua. A praça é conhecida por esse nome por conta do antigo Bar do Pida que, por falta de licitação, foi fechado no dia 28 de julho de 2011 pela Sesp (Secretaria Executiva de Serviços Públicos). De acordo com o vice-prefeito, João Batista, a privatização da praça é o passo seguinte a revitalização do espaço. Ou seja, o espaço da universidade que foi cedido à prefeitura está preste a ser apossado por uma empresa privada. É preciso lembrar que a praça Pida é de extrema importância, pois é um bom ponto de lazer e entretenimento (talvez por ser um dos únicos) da comunidade acadêmica e dos moradores da Trindade e dos bairros vizinhos. Além disso, atualmente, é o único lugar em que os estudantes da UFSC podem realizar festas, atividades de integração e outras maneiras de aproximação, afinal, no começo da gestão do atual Reitor Cancellier, o mesmo proibiu qualquer festa popular no interior da universidade. Desde então, só é possível realizar alguma festa no interior da universidade cumprindo uma série de requisitos que elevam muito o valor do evento e exclui qualquer grupo de estudantes que não é capaz de orçar com os elevados gastos exigidos pela reitoria, isto é, a maioria. Sinal disso é o fato de que só acontece, atualmente, uma festa no interior da universidade – o trote integrado do CTC, o qual é orçado pelos cursos de engenharias e que tem um gasto muito alto se comparado aos populares happy hours. O que é importante perceber com isso é que a classe trabalhadora está sendo atacada por todas as direções e os estudantes, enquanto trabalhadores em formação, não estão fora dessa truculência. Sem mal conseguir sobreviver até o final do curso, os estudantes estão vendo pouco a pouco (ou muito a muito) a precarização dos prédios, o corte de bolsas, a restrição de uso do patrimônio público… Sabemos que existem razões que justificam a perda de confiança atual do povo brasileiro na coletividade, pois as traições foram volumosas e profundas, vindas de diversas partes. No entanto, se não voltarmos a confiar e construir coletivamente uma saída, a única coisa que faremos individualmente é tentar ser um dos últimos a se afogar nesse barco em naufrágio. Alteração: Alterado a sentença “um excelente ponto de lazer e entretenimento” por “um bom ponto de lazer e entretenimento (talvez por ser um dos únicos)”. ]]>