[Notícia] “Pode estudar filosofia? Pode, [mas] com dinheiro próprio”, afirma Ministro da Educação

Thiago Zandoná – Redação UàE – 26/04/2019

Em vídeo publicado nesta quinta-feira (25), no perfil do Facebook do presidente Jair Bolsonaro, o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o Brasil reduzirá investimentos públicos em cursos de filosofia e sociologia.

“O Japão, país muito mais rico que o Brasil, está tirando dinheiro público, do pagador de imposto, das faculdades que são tidas como para pessoas que já são muito ricas, ou de elite, como filosofia. Pode estudar filosofia? Pode, (mas) com dinheiro próprio. E o Japão reforça: esse dinheiro que iria para faculdades como filosofia, sociologia, se coloca em faculdades que geram retorno de fato: enfermagem, veterinária, engenharia e medicina.”

O Ministro justificou a medida afirmando que é mais importante a oferta de curso que gera renda.

“A função do governo é respeitar o dinheiro do pagador de imposto. Então, o que a gente tem que ensinar para as crianças e para os jovens? Primeiro, habilidades: poder ler, escrever e fazer conta. A segunda coisa mais importante: um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família dela, que melhore a sociedade em volta dela.”

O presidente Bolsonaro, em seu twitter, também defendeu a proposta.

“O Ministro da Educação […] estudante descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina.”

No vídeo em que o Ministro fala sobre a retirada de investimentos em filosofia e sociologia, Weintraub também deu dicas aos estudantes que irão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Aí uma dica que eu vou passar para vocês: acho que questões ideológicas, muito polêmicas, como no passado, não vão acontecer esse ano. Minha sugestão: foquem mais na técnica de escrever, interpretação de texto, foquem muito em matemática, ciências… em realmente no aspecto que a gente quer desenvolver: o conhecimento científico, a capacidade da pessoa de desenvolver novas habilidades. Essa é minha recomendação.”

O vídeo foi produzido no encontro do Presidente com Weintraub no Ministério da Educação (MEC), na quinta-feira (25).

O Ministro também criticou a distribuição de verba com “viés ideológico” e afirmou que, por ele, não haverá mais recursos para “escolinha dos sem terrinha”, em referência ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Além de acabar com “viés ideológico”, o Ministério buscará “focar na técnica”. “A gente precisa focar em melhorar no Pisa. Não podemos ficar tão para trás de outros países da América Latina. Isso é um absurdo. É uma vergonha.”

O Ministro também voltou a criticar Paulo Freire. “Por que a gente não pode discutir as coisas aqui? É dogma? […] Aquele cara lá, o Paulo Freire. Aquele cara ali. Aquele mural, está vendo aquele mural? Eu acho que é dogma. A gente não pode discutir? Tudo que ele falou é certo? Vamos apresentar números e evidências.”

Abraham Weintraub foi diretor do banco Votorantim, presidente da Votorantim Corretora no Brasil e da Votorantim Securities nos Estados Unidos e na Inglaterra. O executivo financeiro foi nomeado como ministro da pasta há duas semanas, após a estagnação do MEC com Ricardo Velez. Weintraub promete “metas agressivas”.

Weintraub representou o banco Votorantim nos encontros do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (IDB). Fez parte do comitê de Trading da BM&F Bovespa, na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord) e no Comitê de Macroeconomia da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima).

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