Foto: Imagem das celebrações do domingo pós-plebiscito, por @el_descontento
Clara Fernandez – Publicado originalmente em Universidade à Esquerda – 26/10/2020
Um ano após o início dos massivos protestos que tomaram conta do Chile, a população do país conquistou uma importante vitória. Em plebiscito realizado no último domingo, os chilenos aprovaram o fim da constituição instituída durante o governo ditatorial de Augusto Pinochet, um dos mais violentos regimes militares impostos ao continente latino americano.
Com 78,27% dos votos, o “apruebo” à nova carta venceu os 21,73% do “rechazo”, que queria a manutenção da constituição vigente. No plebiscito também houve a consulta sobre como a nova constituição será construída. Com 78,9% dos votos, a população aprovou que a mesma deve se dar por uma Assembleia Constituinte em que todos os participantes serão eleitos em Abril de 2021, sem a participação dos legisladores já em posse de seus cargos. Os interessados em se candidatar também não precisarão estar inseridos em uma legenda de partido político.
A população Chilena ocupou as ruas novamente para celebrar o resultado do plebiscito, embora a polícia de Pinera, os carabineros, tenham tentado reprimir os princípios de manifestação. A Praça Itália, rebatizada pelos movimentos de Praça da Dignidade e centro dos mais gigantes atos de rua, novamente ficou lotada de manifestantes e projeções em prédios públicos.
O processo pela construção de uma nova constituição para o Chile é um dos resultados da intensa e persistente revolta do povo Chileno à brutalidade que as políticas neoliberais impuseram ao país nos últimos 30 anos. Mesmo sofrendo inúmeras repressões, que passaram desde estupros, torturas, disparos de balas de borracha visando provocar cegueiras e até mesmo inúmeros assassinatos por parte dos carabineiros, a população Chilena não desistiu de lutar.
Essa é uma demanda do povo chileno, mas também vêm como uma proposta do mesmo congresso que sofre grande rechaço da população, como uma tentativa de refrear os movimentos que ocorreram no país. Há muita disputa nos rumos que a construção da constituição e os movimentos de revolta ainda têm pela frente. Entretanto, é um grande marco e merece uma grande celebração o enterro desta constituição marcada com sangue de muitos trabalhadores e revolucionários na história deste país e do nosso continente. Além disso, os movimentos não pretendem parar suas manifestações e já há novos chamados de atos de rua para o dia de hoje também.
O mesmo 25 de outubro em que o plebiscito foi realizado este ano, era marcado no ano passado pelo maior protesto de todos no Chile, que emocionou o mundo inteiro com mais de dois milhões de manifestantes em Santiago. O vigor e as conquistas no Chile inspira as lutas que ainda temos pela frente em todo o mundo!