Foto: UFSC à Esquerda
Redação UàE – Mariana Nascimento – 06/09/2019
Na tarde de ontem discentes do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFSC), reunidos em Assembleia, decidiram unanimemente pela adesão ao chamado de greve tirado na última assembleia unificada do dia 02 de setembro. A greve foi encaminhada a partir do dia 09 de setembro, próxima segunda-feira.
Frente aos cortes e política de sufocamento que as universidades vêm sendo submetidas, o entendimento convergiu para a necessidade da ampliação das lutas e o rompimento do cotidiano de normalidade dado pela manutenção das atividades até o esgotamento dos recursos.
Convidam também as outras categorias da universidade e os demais setores da sociedade para unificação das lutas pela defesa da Universidade Pública.
Na próxima semana, na segunda feira (09/09) o Centro de Ciências da Educação se reunirá também para assembleia geral do centro, às 17h30 e a Associação dos Pós Graduandos (APG) chamou uma assembleia para dia 11 de setembro às 13 horas no Centro de Convivência.
Confira na Íntegra o manifesto do PPGE/UFSC:
MANIFESTO DO COLETIVO DISCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO-UFSC
Enfrentar o projeto de desmonte das Universidades Públicas, barrar o avanço da retirada de
direitos da classe trabalhadora e construir uma universidade alinhada aos interesses do povo brasileiro!Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei.
Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.
(Nosso Tempo – Carlos Drummond de Andrade)Em assembleia realizada no dia 05 de setembro de 2019 nós, estudantes, pesquisadoras e pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina deliberamos pela deflagração de greve a partir do dia 09/09/2019 como estratégia de luta para enfrentarmos os ataques e assaltos à Universidade Pública brasileira e à classe trabalhadora. Diante do momento atual, após uma série de discussões e análises, optamos pela greve – nossa ferramenta histórica – como a única forma de luta possível contra um governo incapaz do diálogo, que idolatra a violência, o preconceito, a intolerância e o autoritarismo.
Enquanto trabalhadores e trabalhadoras da educação, coerentes em nosso compromisso de produzir pesquisas de qualidade com a finalidade de transformar a educação do país, não nos é possível continuar nossas
atividades fingindo uma normalidade enquanto sofremos duros ataques por parte do governo e grupos que – ao apoiarem sua política de sucateamento da educação pública, de retirada dos direitos trabalhistas e de mercantilização da previdência – se beneficiam, as nossas custas, classe trabalhadora do Brasil, fazendo do país seu grande balcão de negócios.A extensão e intensidade dos ataques pode ser identificada, grosso modo, com a E.C. 95 (2016), a qual garante, por força de lei, um contingenciamento dos gastos sociais, em especial saúde e educação, liberando parte do fundo público para o pagamento da dívida e farra do setor financeiro estrangulando, assim, a capacidade do Estado de gerir as políticas sociais; com a reforma do ensino médio e a BNCC que ajustam a formação dos estudantes aos interesses do capital e dos Organismos Internacionais, balizando a formação por índices e avaliações em massa formatando as novas gerações niveladas pela mediocridade; com a reforma trabalhista, a qual fragiliza a classe trabalhadora em sua luta contra a cotidiana exploração capitalista em nome do aumento da lucratividade do capital; com a proposta da reforma da previdência que transfere parte da responsabilidade do Estado com a seguridade social, garantida constitucionalmente, para o mercado, proporcionando um grande fluxo de capital para a esfera financeira; com os cortes e contingenciamentos no orçamento da educação, sucateando a Universidade Pública, em vias de encerrar suas atividades por falta de financiamento e, como alternativa, propondo saídas autoritárias e inescrupulosas como a minuta do Projeto de Lei Future-se, uma afronta à
universidade, à sua autonomia e ao ensino, a pesquisa e a extensão.Por estas razões, nós discentes do PPGE/UFSC convocamos aos demais discentes, professores e técnicos a se somarem na greve deflagrada em assembleia geral no dia 02/09/2019 por todas as categorias que compõem a comunidade universitária UFSC. Não nos resta outra alternativa que não transformar a luta que é permanente em uma greve por tempo indeterminado! Que ousemos torná-la nacional e que busquemos unificar os mais amplos setores da classe trabalhadora do país em defesa da Universidade Pública. Resistir é necessário, mas não basta, é preciso avançar nas pautas históricas e imediatas das trabalhadoras e trabalhadores do Brasil. À GREVE e à LUTA!