Faixa da Associação de Pós-Graduandos da UFSC utilizada em manifestações de 2019
Maria Alice de Carvalho – Redação UàE – 11/08/2020
Na última sexta-feira (07), o Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT) da UFSC se reuniu em Colegiado Pleno para debater a adesão ou não ao formato remoto de ensino durante o período de pandemia.
Na sessão de Colegiado, os mestrandos e doutorandos do programa, os quais realizaram a escrita de uma carta aberta, apresentaram suas preocupações com o caráter excludente e concepção de educação que o ensino remoto traz consigo. Após esse debate e posicionamento da categoria estudantil, o Colegiado Pleno aprovou, por 17 votos a 5, não realizar as disciplinas regulares de forma remota neste semestre.
Trecho da Carta Aberta das e dos estudantes do PPGECT-UFSC:
“Enquanto pós-graduandes na área da educação científica e tecnológica temos o compromisso ético e social de nos debruçarmos sobre questões relativas à “apreensão dinâmica e crítica do conhecimento pela maioria da população brasileira”. Portanto, tornar-se-ia algo incoerente se ignorássemos a necessidade de realizarmos um esforço cognitivo para compreender de forma crítica uma realidade e ser capaz de realizar mudanças. Na nossa compreensão, o ensino remoto e a educação a distância aprofundam a “normalidade” das desigualdades sociais e mantem silenciadas as “falhas”. As decisões e caminhos trilhados agora, implicarão nas nossas trajetórias de pesquisa, no pós-pandemia e na própria identidade do nosso programa.
Diante das falas, pudemos destacar as angústias sentidas por inconsistências teórico-práticas e distanciamento entre a vivência universitária e a realidade prática diária.[…]
Se um curso de pós-graduação em educação se coloca como incapaz de propor alternativas educacionais, formas outras de processo de ensino-aprendizagem, de acompanhamento e avaliação – que não sacrifiquem vidas, sonhos, pesquisas, tratando-as como “falhas”, exceções –, o que a sociedade vai esperar de nós? O que @ educador@ da Educação Básica vai esperar de uma mestra e uma doutora, capacitadas em uma instituição de ensino público, que se adequou a um sistema que utilizou de uma pandemia para aprofundar as desigualdades?
Enquanto deveríamos estar, como pesquisadores em educação, repensando o nosso currículo e propondo estratégias educativas, estamos nos reunindo para decidir se seguimos ou não as decisões políticas descompensadas, adotadas impositivamente, contra professores e alunos da Educação Básica. Isso é uma vergonha![…]”
Nas próximas sessões de Colegiado, possibilidades de atividades complementares para esse momento serão pensadas, como “que os Grupos de Pesquisas existentes no programa possam organizar seminários de socialização e que estes possam contabilizar créditos para ouvintes e organizadores no lugar de disciplinas”, levando em consideração a atual realidade social do país, proposta apresentada na carta estudantil.