Foto: Site da CTG Eletrosul
Helena Lima – Redação UFSC à Esquerda – 04/06/2021
Em Santa Catarina, o avanço na privatização da Eletrobras preocupa os trabalhadores da estatal, que analisam o processo de venda como determinante no avanço nas demissões no setor e no possível fechamento de algumas sedes da Companhia no sul do país.
A Companhia de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Sul do Brasil (CGT Eletrosul), controlada pela Eletrobras, é uma empresa de grande envergadura. Hoje, a CGT Eletrosul opera aproximadamente 10% da transmissão de energia no país, 46 subestações e 12 mil kilômetros de linhas de transmissão. Na geração de energia, a companhia tem capacidade de atender o consumo de 12 milhões de pessoas.
Segundo Mário Jorge Maia, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia da Grande Florianópolis (Sinergia), apesar do projeto apresentado prever a manutenção dos empregos no setor público, a avaliação é de que a Sede da CGT Eletrosul em Florianópolis feche as portas com a privatização. Assim, o futuro dos trabalhadores, que devem ser transferidos da cidade, ainda é incerto. Na capital existem 1.100 empregados na Sede, alguns dos quais estão há mais de 20 anos na estatal.
Além daqueles trabalhadores que terão de ser deslocados e apesar da promessa de estabilidade por parte do Estado, a privatização da Eletrobras deverá coroar o processo de demissões, segundo o engenheiro e professor Renato Queiroz, do Grupo de Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A redução do quadro de funcionários ocorre desde 2016 no setor, após o lançamento do processo de privatização pelo Michel Temer. Desde aquele período, 55% do quadro de funcionários foram demitidos. O que, por si só, já gerou diversos problemas elétricos no país, como o apagão no Amapá no início do ano.
O prazo para tramitar no Senado Federal a Medida Provisória que diz respeito à privatização da Eletrobras é dia 22 de junho. A projeção do governo federal é de que a estatal seja privatizada até janeiro de 2022.
Na última semana, os trabalhadores da CGT Eletrosul na Sede em Florianópolis e no Sertão do Maruim aprovaram estado de greve contra a MP em andamento no Congresso. Esta categoria também está participando dos movimentos nacionais contra a privatização nos setores estratégicos do país, que ressoaram no ato do dia 29 de maio.
Do ponto de vista nacional, a privatização da Eletrobras avança em um momento de crise hídrica, que será responsável por um grande impacto na geração de energia. A venda da estatal irá piorar ainda mais o cenário, tendo em vista que este processo deve levar a uma redução na capacidade da empresa (com demissões e menor investimento), segundo Renato Queiroz.