[Notícia] Professores do Rio Grande do Sul entram em greve

Fonte de imagem: Site Sindicato CPERS

Maria Fernanda – publicado originalmente em Universidade à Esquerda – 20/11/2019

Na leva das reformas que atingem os servidores públicos temos acompanhado a situação crítica que enfrentam os trabalhadores estaduais do Rio Grande do Sul. O governador, Eduardo Leite, entregou à Assembleia Legislativa seu próprio projeto de ataque os servidores que onera ainda mais os professores. Esse pacote vem em um momento em que os trabalhadores já sofrem há 5 anos com parcelamentos nos salários.

Entre os pontos propostos no pacote que altera o Plano de Carreira do Magistério,  o Estatuto dos Servidores e a previdência estadual, segundo síntese do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande Do Sul – Sindicato dos Trabalhadores em Educação (CPERS/Sindicato), estão:

"Para os Professores(as): Fim do Plano de Carreira; Reajuste ZERO por tempo indeterminado; Todas as gratificações e vantagens passam a integrar o básico do nível/classe correspondente; Criação de parcela autônoma com a “sobra” das vantagens acima do básico. Este valor não será reajustado; Fim das vantagens temporais (triênios, quinquênios e avanços); Fim da incorporação de gratificações para a aposentadoria; Aumento da contribuição para a aposentadoria; Aumento do tempo de contribuição e redução dos proventos conforme Reforma da Previdência nacional; Redução das férias remuneradas para 30 dias; Difícil acesso apenas para escolas do campo; Redução da gratificação de permanência de 50% para 10%; Fim do abono de falta para participação em atividades sindicais; Redução nos adicionais de unidocência, classe especial e penosidade; Fim das convocações e substituição por contratos.

Funcionários de escola (alterações na Lei 10.098): Fim das vantagens temporais (triênios e quinquênios); Fim da incorporação de gratificações para a aposentadoria (como as de direção e insalubridade); Aumento do tempo de contribuição e redução dos proventos conforme Reforma da Previdência nacional; Aumento da contribuição para a aposentadoria; Difícil acesso apenas para escolas do campo; Redução ou extinção do abono permanência; Fim do abono de falta para participação em atividades sindicais; Reajuste ZERO por tempo indeterminado.

 Aposentados(as): Quem recebe a partir de um salário mínimo passará a contribuir com alíquotas que chegam até a 16,32% do salário; Professores(as) aposentados também terão todas as gratificações e vantagens integradas ao básico. Qualquer valor acima do piso do nível/classe correspondente será transformado em parcela autônoma que não sofrerá reajustes; Reajuste ZERO por tempo indeterminado

Contratados(as): Como a referência de hora-aula é o salário do concursado, os contratados(as) também terão os salários congelados por tempo indeterminado; Legaliza a demissão de contratados em licença-saúde; Exclui o segmento das regras relativas à licença-saúde, gestante, adotante e paternidade com remuneração; Retirada dos contratados o direito ao abono família, mesmo se enquadrados na nova faixa de renda."

Diante da absurda situação os professores e demais trabalhadores da educação começaram essa semana em greve. A decisão tomada em assembleia na última quinta-feira (14/11) depois do anúncio do projeto de Leite. O primeiro dia de greve (18/11), contou com adesão de 42 núcleos do sindicato e outras escolas anunciando paralisação para os próximos dias. A avaliação do comando de greve é a mobilização esta crescente.”

No segundo dia de greve a avaliação do CPERS, sindicato que representa cerca de 80mil trabalhadores da educação do estado, é de que 1.176 escola tenham sido atingidas pelas paralisações. Seriam 601 instituições de ensino com adesão total e 575 com adesão parcial. O CPERS estima que cerca de 70% dos trabalhadores da educação já envolveram-se na greve. Ainda há escolas realizando reuniões para deliberar sobre a adesão e a previsão é que novas escolas paralisem ao longo da semana.

Como programação da greve, além de reuniões do comando, atividades de pressão com parlamentares, discussão com a comunidade escolar e atividades do dia da Consciência negra, já há Assembleia geral de mobilização marcada para (26/11).

O governador após apresentar o projeto seguiu em viagem financiada pela Fundação Lemann para a Universidade de Collumbia, onde foi discutir politicas públicas. Demonstrando claramente quais e de quem são os interesses que ele esta disposto a defender.

 

Manifestações de apoio:

Mais de 100 câmaras de vereadores já aprovaram moções de repúdios ao pacote do governador ou de apoio aos servidores estaduais. Segue levantamento feito pelo CPERS:

"Relação de municípios que já aprovaram moções de apoio aos educadores(as) ou repúdio aos projetos de Leite: Atualizado às 19h40 de 19 de novembro com o total de 123 cidades
      1. Água Santa

      2. Ajuricaba

      3. Alpestre

      4. Alvorada

      5. Arroio dos Ratos

      6. Arroio Grande

      7. Barão

      8. Barão do Triunfo

      9. Barra do Quaraí

      10. Barra Funda

      11. Bento Gonçalves

      12. Boa Vista das Missões

      13. Boa Vista do Buricá

      14. Boqueirão do Leão

      15. Bossoroca

      16. Cachoeira do Sul

      17. Caibaté

      18. Caiçara

      19. Camaquã

      20. Campinas do Sul

      21. Capão do Leão

      22. Carazinho

      23. Carlos Barbosa

      24. Caxias do Sul

      25. Cerro Largo

      26. Chiapetta

      27. Chuí

      28. Cruz Alta

      29. Encruzilhada do Sul

      30. Engelho Velho

      31. Entre Ijuis

      32. Erechim

      33. Erval Seco

      34. Estação

      35. Estância Velha

      36. Estrela

      37. Faxinal do Soturno

      38. Fazenda Vila Nova

      39. Feliz

      40. Flores da Cunha

      41. Frederico Westphalen

      42. Garibaldi

      43. Giruá

      44. Gravataí

      45. Harmonia

      46. Horizontina

      47. Ijuí

      48. Iraí

      49. Itaqui

      50. Itatiba do Sul

      51. Lagoa Vermelha

      52. Linha Nova

      53. Maçambará

      54. Maratá

      55. Marcelino Ramos

      56. Mariano Moro

      57. Minas do Leão

      58. Montenegro

      59. Morro Redondo

      60. Nova Bassano

      61. Nova Hartz

      62. Nova Petrópolis

      63. Nova Prata

      64. Novo Barreiro

      65. Novo Hamburgo

      66. Novo Machado

      67. Osório

      68. Paim Filho

      69. Palmeira das Missões

      70. Palmitinho

      71. Paraíso do Sul

      72. Paulo Bento

      73. Pirapó

      74. Piratini

      75. Portão

      76. Porto Xavier

      77. Quaraí

      78. Rio Grande

      79. Rio Pardo

      80. Rolante

      81. Rondinha

      82. Roque Gonzáles

      83. Rosário do Sul

      84. Sananduva

      85. Santa Cruz do Sul

      86. Santa Maria

      87. Santa Rosa

      88. Santa Vitória do Palmar

      89. Santana da Boa Vista

      90. Santana do Livramento

      91. Santiago

      92. Santo Ângelo

      93. Santo Antônio das Missões

      94. São Borja

      95. São Francisco de Assis

      96. São Francisco de Paula

      97. São Gabriel

      98. São João da Urtiga

      99. São Leopoldo

      100. São Luiz Gonzaga

      101. São Nicolau

      102. São Paulo das Missões

      103. São Pedro da Serra

      104. São Pedro das Missões

      105. São Pedro do Butiá

      106. São Sebastião do Caí

      107. São Vicente do Sul

      108. Sapiranga

      109. Sarandi

      110. Seberi

      111. Soledade

      112. Tapejara

      113. Tapes

      114. Taquara

      115. Três de Maio

      116. Três Passos

      117. Triunfo

      118. União da Serra

      119. Vacaria

      120. Venâncio Aires

      121. Veranópolis

      122. Viamão

      123. Vila Maria”

Além do apoio das câmaras municipais, pais e alunos também demonstraram apoio aos professores. Há registros de mobilizações e expressões de apoio registradas pelo sindicato nas cidades de Palmeira das Missões, Caçapava do Sul, no CIEP Dom Pedrito, EEEM Reynaldo Affonso Augustin, Teutônia; Escola Frei Plácido, de Bagé; Escola São Gabriel, de Ametista do Sul; Escola Senador Pasqualini, de Dom Pedrito; Escola Tubino, de Porto Alegre; Escola Frei Plácido, de Bagé; escola Professor Pedro Beno Bohn, de Venâncio Aires; Escolas Carlos Kluwe e Justino Quintana. Na EEEM Uruguaiana, de Uruguaiana, os próprios alunos puxaram a greve.

Outras manifestações de apoio vieram de entidades como a Frente dos Servidores Públicos, as universidades federais e sindicatos de professores municipais, entre eles: DCE-UFSM, Ceprolsindicato, SINDJUS, Seção Sindical ANDES/UFRGS.

Todos estão engajados na luta pela qualidade do ensino e pela existência da escola pública. A situação dos servidores do estado do Rio Grande do Sul não representa uma situação isolada mas um projeto em curso de desmonte da educação pública.

 

 

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