Protesto dos coletes amarelos em Paris – França. 08/12/2018. Foto: Ministère de l’Intérieur/Fotos Públicas.
Maria Fernandez – Redação UàE – 10/12/2018
Depois do quarto final de semana seguido de protestos na França que iniciaram em 17/11, os “gilets jaunes” ou “coletes amarelos” como vêm sendo chamados por conta do acessório obrigatório nos carros na França para uso em caso de acidente, conquistam recuo do presidente em relação a taxa nos combustíveis. As manifestações que começaram com a pauta da redução do preço dos combustíveis, tomaram fôlego e agregaram pautas.
O presidente Emmanuel Macron foi forçado a negociar com os manifestantes e recuar na proposta da taxa que elevação preço dos combustíveis. Inicialmente propôs a revogação da taxa por seis meses, estendeu a revogação até o final do 2019 e acabou por declarar sua suspensão, mesmo antes dos protestos do último final de semana. Agora a previsão é de que hoje, 10/12, o presidente Macron se encontrará com representantes do movimento e sindicatos e em seguida fará um pronunciamento para tentar apaziguar os violentos protestos.
O movimento sem liderança clara,pauta difusas se mobiliza pelas redes sociais, em uma dinâmica que podemos relacionar com as recentes manifestações dos caminhoneiros no Brasil. As manifestações tem demonstrado força e causado perdas financeiras importantes, com explosões violentas semanais em que há bloqueiode ruas e estradas em todo o país, enfrentamento com força policial e quebra-quebra– como em lojas da famosa Avenida Champs Elysées – destruição de agencias bancárias, e carros incendiados.
Além do fechamento de comércio e bloqueio,jogos do campeonato francês de futebol adiados e bloqueio a escolas de ensino médio por estudantes, também importantes pontos turísticos (museus e monumento scomo Torre Eifel e Louvre, museu d’Orsay, Grand Palais e Arco do Triunfo)chegaram a fechar suas portas. Os danos a patrimônio neste último final de semana foram ainda maiores do que os do final de semana anterior.
Mesmo sob forte repressão, com umsaldo de mais de 1700 pessoas detidas só no último sábado, a estimativa oficial é de que 136mil participaram das manifestações. A polícia tem usado gás lacrimogênio,balas de borracha e jatos de água na dispersão, deixando feridos e detidos em todo o país. Foram 89 mil agentes de segurança convocados para atuar em todo o país e houve uso de 12 blindados.
Os protestos se estenderam por várias cidades e alcançam pautas de critica ao elevado custo de vida. Embora o estopim tenha sido o preço dos combustíveis, que no último ano teve aumento de 23% do diesel e de 15% na gasolina. A insatisfação geral com as medidas de austeridade contribuiu para o massivo apoio ao movimento.
Apesar das concessões já indicadas pelo governo francês, a mobilização segue resistindo e afirmando que as soluções dadas pelo Capital para as crises não tem mais como ser aceitas.Seguiremos acompanhando as repercussões das mobilizações.