Clara Fernandez- Redação UàE – 26/05/2020
Após realizar campanhas e pressionar pelo retorno de suas atividades, o lobby do transporte público em Santa Catarina realizou uma reunião com o Governador Carlos Moisés no dia 14 deste mês. No dia anterior, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina havia votado projeto considerando o transporte coletivo municipal e intermunicipal como serviço essencial.
Na reunião com o governo alguns dos participantes sugeriram que o estado subsidiasse passagens para compensar a redução na lotação dos ônibus, ou até mesmo que se aumentasse a passagem para valores de até R$10,00.
Após esta, segundo o secretário estadual de mobilidade, Thiago Vieira, o governo ainda teria outra reunião com a Federação Catarinense de Municípios (FECAM) e com o setor produtor para buscar pensar flexibilizações em horários de diferentes atividades, buscando evitar aglomerações com a retomada das atividades do transporte. Na última sexta-feira (22), o governo anunciou que as medidas para o retorno do transporte público serão definidas nesta semana, mas que elas serão regionalizadas.
Em Florianópolis, o prefeito Gean Loureiro havia feito vídeo informando que o transporte público da cidade não retornaria até que a pandemia tivesse terminado. Entretanto, na última sexta-feira, 22, seu discurso mudou, anunciando que o transporte pode ser liberado. A secretaria de mobilidade urbana da capital já prepara plano de retorno do transporte a partir de 1º de Junho e diz que depende apenas da liberação estadual.
Especialistas de saúde têm apontado que ainda é cedo para retomar as atividades. Flávio Magajewski, em entrevista ao G1, afirmou que há evidências de que o ar viciado dentro dos transportes coletivos aumenta em muito o risco de contaminação, além de estudos que têm apontado que há um risco ainda maior para os motoristas. Em São Paulo, levantamento do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo aponta que na semana passada havia pelo menos 131 motoristas contaminados, 520 casos considerados suspeitos e 35 falecimentos com suspeitas de contágio por Covid-19.
Embora o alcance da doença em Santa Catarina ainda se apresente de forma mais branda em relação ao resto do país, os números de contaminação não param de crescer no país inteiro, passando das 23 mil vítimas fatais. Não há previsão de que a curva diminua nas próximas semanas. Um mês após a abertura do comércio no estado, os números de contaminações por Covid-19 aumentou em cinco vezes e o número de mortes quase triplicou. No sul do estado, a indústria frigorífica tem sido um grande fator de contágio; ontem foram identificados 340 trabalhadores infectados em apenas um frigorífico da BRF em Concórdia, 6,6% do quadro de empregados da unidade.
Ou seja, todo o esforço realizado até agora com a paralisação das atividades e isolamento é jogado fora a cada atividade efetivamente não essencial que se libera precocemente, pois isso contribui com o aumento da circulação e possibilidade de contaminação do vírus.