Amanda Alexandroni – Redação UFSCàE – 01/12/2022
Desde a tarde de ontem (30/11), a Universidade Federal de Santa Catarina vem sentindo fortemente os efeitos dos danos causados pelas chuvas em sua infraestrutura, que não têm tido os investimentos necessários para que sejam feitos reparos ao longo do tempo. Com o aumento do volume pluvial, diversas partes do Campus Trindade e do Centro de Ciências Agrárias foram alagados. As aulas desta quinta-feira foram canceladas em razão desses estragos e do alerta emitido pela Defesa Civil em relação ao volume de chuva que estava previsto para hoje.
Além do cancelamento das atividades letivas, a Administração Central indicou que as unidades administrativas avaliassem a flexibilização do trabalho. A situação também afetou o fornecimento de suprimento e o deslocamento de funcionários terceirizados à instituição. Por conta disso, o Restaurante Universitário funcionou durante o dia de hoje apenas para estudantes com cadastro socioeconômico ativo na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis.
Em notícia publicada no site da UFSC, O prefeito universitário, Hélio Rodak de Quadros Júnior, afirmou:
“Tivemos diversos pontos de alagamentos, desde as imediações da Reitoria I até a parte do Centro Tecnológico, nos fundos do Departamento da Engenharia Mecânica. Ali a altura da água chegou às maçanetas dos veículos que foram impedidos de serem retirados ontem [quarta-feira] à noite. Registramos ainda ocorrências similares no RU, onde houve o alagamento da doca de abastecimento, e na BU, pois o forro cedeu em alguns pontos. A Igrejinha da UFSC e o Centro de Ciências Agrárias, no Itacorubi, também sofreram infiltrações”.
Matheus Berlofa, estudante do Programa de Pós Graduação em Aquicultura (PPGAqui), relata ao UFSCàE sobre a situação do laboratório em que trabalha:
No Núcleo de Estudos em Patologia Aquícola (NEPAQ), próximo ao CCA, a situação ficou drástica ao longo da madrugada. Toda a área externa dos laboratórios foi tomada pela água, incluindo estacionamento, três bioensaios exteriores e a guarita de segurança. Algumas estruturas como caixas da água e pallets foram arrastados por metros. O Vigia do turno da madrugada relatou que a água chegou a bater em seus joelhos dentro da guarita, fazendo com que o mesmo procurasse segurança no prédio principal dos laboratório, que fica em um ponto mais alto do terreno. Dentro dos bioensaios externos, algumas caixas foram arrastadas e, pela marca deixada em algumas estruturas, a água chegou a atingir uma altura de pelo menos 30 cm, se aproximando inclusive de pontos de tomadas da instalação elétrica. Nos demais setores do Núcleo, há goteiras em várias salas e algumas delas chegaram a ficar com o chão coberto por água
Os estudantes indígenas moradores da Maloca e do alojamento para estudantes da licenciatura indígena foram duramente afetados pelas chuvas. Por conta disso, estão pedindo doações de itens de necessidade básica, como alimentos, material de limpeza e colchões, entre outros.
Em um debate organizado pela Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora – Vânia Bambirra (EFoP), o prof. Cláudio Ribeiro (UFRJ) destacou a relação entre as aparentes tragédias ambientais com a forma como o capital impõe uma determinada dinâmica de urbanização. No caso do que tem acontecido na UFSC, fica evidente que a ausência de investimentos em infraestrutura levam à deterioração crescente dos prédios e outras estruturas da universidade. As universidades públicas estão sendo submetidas a cortes orçamentários há quase uma década.