Allan Kenji Seki para UFSCàE – 18/05/2017
Alvo das delações dos irmãos Batista, da JBS Foods, homologada na quarta-feira passada pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, o Senador Aécio Neves foi afastado das funções de Senador da República no dia de hoje, 18/5. Aécio Neves é investigado por solicitar R$ 2 milhões para Joesley Batista, dinheiro que foi pago através de intermediários da família de Aécio Neves e da JBS Foods.
Ainda no dia de hoje a Procuradoria Geral da República pediu a prisão cautelar do Senador Aécio Neves, o que foi negado pelo Ministro Fachin que, contudo, deu provimento ao pedido de afastamento do Senador de suas funções. Diante da Crise, Aécio licenciou-se da presidência de seu partido, o PSDB.
A Polícia Federal realizou operações de buscas em endereços ligados a Aécio Neves no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A irmã do senador afastado, Andrea Neves, foi presa pela Policia Federal e encaminhada ao presídio em Minas Gerais. Andrea está sendo investigada pois há suspeitas de que ela tenha solicitado dinheiro ao empresário joesley Batista, em nome do irmão. Ela é considerada uma figura estratégica e de confiança de Aécio Neves.
Também foi preso Frederico Pacheco de Medeiros, por receber R$ 2 milhões de reais em favor de Aécio Neves do Grupo JBS Foods. Frederico é indicado diretamente por Aécio nas gravações para receber o dinheiro.
Confira a seguir, trechos das gravações, obtidas dos arquivos da homologação da delação da JBS Foods:
Aécio — Esses vazamentos, essa porra toda, é uma ilegalidade.
Joesley — Não vai parar com essa merda?
Aécio — Cara, nós tamos vendo (…) Primeiro temos dois caras frágeis pra caralho nessa história é o Eunício [Oliveira, presidente do Senado] e o Rodrigo [Maia, presidente da Câmara], o Rodrigo especialmente também, tinha que dar uma apertada nele que nós tamos vendo o texto (…) na terça-feira.
Joesley — Texto do quê?
Aécio — Não… São duas coisas, primeiro cortar o pra trás (…) de quem doa e de quem recebeu.
Joesley — E de quem recebeu.
Aécio — Tudo. Acabar com tudo esses crimes de falsidade ideológica, papapá, que é que na, na, na mão [dupla], texto pronto nãnã. O Eunício afirmando que tá com colhão pra votar, nós tamo (sic). Porque o negócio agora não dá para ser mais na surdina, tem que ser o seguinte: todo mundo assinar, o PSDB vai assinar, o PT vai assinar, o PMDB vai assinar, tá montada. A ideia é votar na… Porque o Rodrigo devolveu aquela tal das Dez Medidas, a gente vai votar naquelas dez… Naquela merda das Dez Medidas toda essa porra. O que eu tô sentindo? Trabalhando nisso igual um louco.
Joesley — Lógico.
Aécio — O Rodrigo enquanto não chega nele essa merda direto, né?
Joesley — Todo mundo fica com essa. Não…
Aécio — E, meio de lado, não, meio de leve, meio de raspão, né, não vou morrer. O cara, cê tinha que mandar um, um, cê tem ajudado esses caras pra caralho, tinha que mandar um recado pro Rodrigo, alguém seu, tem que votar essa merda de qualquer maneira, assustar um pouco, eu tô assustando ele, entendeu? Se falar coisa sua aí… forte. Não que isso? Resolvido isso tem que entrar no abuso de autoridade… O que esse Congresso tem que fazer. Agora tá uma zona por quê? O Eunício não é o Renan.
Joesley — Já andaram batendo no Eunício aí, né? Já andaram batendo nas coisas do Eunício, negócio da empresa dele, não sei o quê.
Aécio — Ontem até… Eu voltei com o Michel ontem, só eu e o Michel, pra saber também se o cara vai bancar, entendeu? Diz que banca, porque tem que sancionar essa merda, imagina bota cara.
Joesley — E aí ele chega lá e amarela.
Aécio — Aí o povo vai pra rua e ele amarela. Apesar que a turma no torno dele, o Moreira [Franco], esse povo, o próprio [Eliseu] Padilha não vai deixar escapulir. Então chegando finalmente a porra do texto, tá na mão do Eunício.
(…)
Ministro da Justiça é “um bosta de um caralho”, diz Aécio.
Joesley — Esse é bom?
Aécio — Tá na cadeira (…). O ministro é um bosta de um caralho, que não dá um alô, peba, está passando mal de saúde pede pra sair. Michel tá doido. Veio só eu e ele ontem de São Paulo, mandou um cara lá no Osmar Serraglio, porque ele errou de novo de nomear essa porra desse (…). Porque aí mexia na PF. O que que vai acontecer agora? Vai vim um inquérito de uma porrada de gente, caralho, eles são tão bunda mole que eles não (têm) o cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, 2.000 delegados da Polícia Federal. Você tem que escolher dez caras, né?, do Moreira, que interessa a ele vai pro João.
Joesley — Pro João.
Aécio — É. O Aécio vai pro Zé (…)
[Vozes intercaladas]
Aécio — Tem que tirar esse cara.
Joesley — É, pô. Esse cara já era. Tá doido.
Aécio — E o motivo igual a esse?
Joesley — Claro. Criou o clima.
Aécio — É ele próprio já estava até preparado para sair.
Joesley — Claro. Criou o clima.