Foto: Ludmilla Carvalho Serafim de Oliveira, reitora-interventora nomeada por Bolsonaro. Reprodução: Portal do RN
Clara Fernandez – Redação UàE – 26/08/2020 – Publicado originalmente em Universidade à Esquerda
A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) realizou sua consulta à comunidade universitária para as eleições da Reitoria em Junho deste ano. Em visita à Mossoró, no Rio Grande do Norte, na última sexta-feira (21), Bolsonaro anunciou que havia publicado no diário oficial da união a nomeação para a reitoria da terceira colocada no pleito eleitoral, Ludmilla Carvalho Serafim de Oliveira.
O pleito havia obtido o seguinte resultado: em primeiro lugar, o professor Rodrigo Codes, com 37,55% dos votos e maioria nos três segmentos. O professor Jean Berg teve 24,84% dos votos, ficando em segundo lugar, e a interventora Ludimilla Oliveira foi a terceira colocada, com 18,33% dos votos.
Em Julho já havia sido divulgado trecho de uma live em que a professora afirmava que se fosse nomeada, apesar do resultado, aceitaria de bom grado a medida e que os insatisfeitos deveriam se retirar da universidade. A mesma ressalta em suas declarações públicas o fato de que seria a primeira mulher a assumir a reitoria da universidade para tentar abafar a revolta gerada pela nomeação indevida.
Em 2019, foram nomeados 6 reitorias interventoras em Universidades Federais, desrespeitando metade dos processos de escolha das próprias instituições, já ao longo deste ano, as nomeações estavam sendo realizadas nos Institutos Federais, até então. Em Junho deste ano, o presidente havia editado uma Medida Provisória que permitia ao próprio Ministro da Educação nomear interventores. Na época, o cargo ainda era ocupado por Abraham Weintraub. Entretanto, a medida foi devolvida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
As nomeações de interventores são uma expressão da política de fundamento golpista do governo Bolsonaro, mas também são viabilizadas como uma herança do período ditatorial brasileiro. As listas tríplices para nomeação via presidência da república foram implementadas nesse período e nunca foram revogadas no período da retomada democrática.
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