Morgana Martins – Redação Universidade à Esquerda – 21/11/2022
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está enfrentando atualmente uma proposta de privatização do patrimônio da universidade, intitulada Projeto de Valorização dos Ativos Imobiliários da UFRJ. Na última quinta-feira pela manhã o projeto foi colocado para votação em sessão extra do Conselho Universitário (Consuni), que ocorreu com o impedimento da participação da comunidade universitária.
O projeto envolve a venda e cessão de imóveis da universidade – no edifício Ventura, no Centro do Rio, e no terreno onde hoje fica o antigo Canecão – para finalização e construção de prédios nos campi do Fundão e da Praia Vermelha.
A discussão para aprovação do projeto iniciou em reunião extraordinária do Consuni no dia 10 de novembro, quinta-feira passada, em que a discussão ocorreu por cerca de 5 horas. O encontro foi encerrado sem a votação sobre aprovação ou não do projeto, em razão da manifestação de diversos setores contrários à privatização. Para realizar a votação, a reitora Denise Pires de Carvalho convocou nova reunião extraordinária, que ocorreu na última quinta-feira (17).
O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação da UFRJ (Sintufrj) publicou em seu Instagram que “num episódio de características poucas vezes registradas em sessão do Conselho Universitário – no qual a democracia no interior da UFRJ saiu arranhada –, o colegiado aprovou sob protestos um projeto que altera a anatomia do campus da Praia Vermelha com a privatização de uma área para a construção de uma casa de espetáculos”.
O sindicato, junto do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Mário de Prata, apresentou um documento antes da votação com diversos questionamentos e solicitando a ampliação do debate com a realização de audiências públicas, por exemplo. Entretanto, os questionamentos foram ignorados. Segundo a Coordenadora Geral do Sintufrj, Marta Batista, a mobilização para barrar esse projeto seguirá ocorrendo, mesmo após a aprovação do projeto. Estudantes, técnicos e docentes juntos no movimento “A UFRJ não está à venda” continuarão lutando para que a UFRJ não renuncie ao patrimônio público.
Na quarta-feira (16), um dia antes da sessão do Consuni, o DCE Mário de Prata denunciou em seu Instagram que a reitoria estava propondo proibir a entrada de estudantes na sessão de hoje. Uma das justificativas foi o aumento de casos de Covid-19, confira um trecho do e-mail enviado aos conselheiros: “Para evitar aglomerações, a Reitoria determina, no entanto, que tenham acesso à sala do colegiado apenas os membros conselheiros e conselheiras efetivos e/ou suplentes e os representantes das entidades acadêmicas que porventura possam se manifestar no expediente”.
Os pedidos para adiar a votação e trocar o local foram também ignorados. Segundo o DCE, na sessão do dia 10, na semana passada, a sessão contou com diversos estudantes que se manifestaram contra a falta de democracia do processo e a reitoria, provavelmente, não gostaria que isso ocorresse novamente. A entidade convocou, com mais força, toda a comunidade a estar presente, para pressionar a reitoria a deixar a comunidade universitária participar.