Morgana Martins – Redação Universidade à Esquerda – 20/06/2022
O governo federal cortou R$ 3,2 bilhões de verba discricionária das universidades e institutos federais; após algumas pressões desses setores, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que o valor seria de R$ 1,6 bilhão. Esse foi mais um dos sucessivos cortes e bloqueios que fez a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) anunciar que seu orçamento mantém a universidade aberta até agosto de 2022.
O orçamento discricionário é destinado para bancar a luz, a água, a limpeza e a segurança, ou seja, aquilo que faz o dia a dia da universidade, bem como o investimento em infraestrutura física. Já escrevemos os impactos desses cortes na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que tem prédios caindo aos pedaços e pegando fogo.
Na UFRJ, esse corte compromete a realização de atividades básicas nos próximos meses. A reitora, Denise Pires de Carvalho afirmou que
Teremos que realizar cortes nos contratos de segurança e limpeza, além de deixar de pagar à concessionária de energia, água e esgoto. Devido aos sucessivos cortes, as obras de manutenção e combate a incêndios serão paralisadas. Temos dinheiro para pagar apenas serviços básicos como água, luz, segurança e limpeza até o mês de agosto. Queremos oferecer à comunidade acadêmica um ambiente seguro para continuidade das atividades, mas com os sucessivos cortes e bloqueios torna-se complicada a nossa missão.
Atualmente, a UFRJ tem cerca de 54 mil estudantes de graduação e 15 mil estudantes de pós-graduação. É uma das maiores e mais antigas universidades do país.
A UFRJ e toda a sociedade brasileira perderam recentemente o Museu Nacional para um incêndio de grandes proporções em 2018, destruindo um acervo histórico e científico construído ao longo de duzentos anos. A antiga residência oficial dos Imperadores do Brasil bem como o mais antigo fóssil humano já encontrado no país viraram cinzas. São essas as consequências de um desmonte planejado pelos sucessivos governos de nosso país.
A Assessoria de Imprensa da Reitoria da UFRJ escreve que
Diante do cenário descrito, o desbloqueio total e o retorno do orçamento cancelado são urgentes, assim como uma recomposição orçamentária e a revogação do Teto de Gastos, para permitir que a UFRJ e as demais universidades federais possam manter a qualidade do ensino, a produção de pesquisas de ponta, as iniciativas de extensão, as políticas de permanência e assistência estudantil, as reformas estruturais, o funcionamento dos seus campi – e portanto, seu papel de servir à sociedade.