Foto: UFSC à esquerda
José Braga – Redação UàE – 03/09/2018
Nesta segunda, 02 de setembro, mais de cinco mil pessoas se reuniram em assembleia na UFSC. A comunidade universitária lotou o auditório Guarapuvu e toda a frente do centro de cultura e eventos e se posicionou veementemente contra o future-se, na sua integralidade, sem negociações ou projetos alternativos.
A assembleia debateu como este programa de Bolsonaro e do Capital é uma afronta à Universidade, atacando a sua autonomia e destruindo seus fundamentos de liberdade acadêmica, liberdade de crítica. Foi intensa a discussão de como este projeto está intimamente conectado a ataques que as universidades têm sofrido em todos os governos desde a redemocratização, aos interesses do Estado e do capital na mercadorização da educação e ao conjunto do projeto neoliberal de ataque e arrocho a classe trabalhadora, submetendo tudo e todos a lógica de valorização dos capitais.
Estudantes e trabalhadores posicionaram-se em suas falas também pela recomposição do orçamento das universidades e institutos federais, contra a reforma da previdência, pela necessidade de impedirmos que os interesses do capital destruam a Amazônia. Discutiram também os próximos passos da luta contra este projeto e encaminharam greve para o dia 10 de setembro.
A assembleia se posicionou também com muita força e solidariedade pela recontratação dos trabalhadores terceirizados demitidos por conta dos cortes no orçamento. E por prestar solidariedade à ocupação dos campi da Universidade Federal da Fronteira Sul, que luta contra a nomeação de um interventor na reitoria da universidade.
Confira o que assembleia aprovou:
- Posicionamento da comunidade contra o Future-se, em sua integralidade. Importante destacar, que o sentido deste posicionamento não se resume apenas a adesão da UFSC ao programa. Mas, a sua derrocada em âmbito nacional;
- Greve na universidade, a partir do dia 10 de setembro. Indica que todos os trabalhadores e estudantes possam construir este instrumento em suas bases;
- Construir a greve geral da Educação (greve por tempo indeterminado) em todo o país, para preparar a greve geral da classe trabalhadora;
- Pela readmissão dos trabalhadores terceirizados demitidos por conta dos cortes no orçamento. Foi aprovada uma carta com esta reivindicação endereçada a reitoria;
- Solidariedade a ocupação da Universidade Federal da Fronteira Sul;
- Posição que o Conselho Universitário, que ocorre hoje (03/09), respeite os encaminhamento da assembleia;
- Criação de um comitê de mobilização externa.
Este encaminhamento teve divergências, como o fortalecimento do UFSC na Praça; - Que a reitoria suspenda o vestibular até que se recomponham os cortes;
Este encaminhamento também foi muito polêmico e dividiu a assembleia. A favor dela argumentou-se o impacto na sociedade. Falas contrárias argumentaram que a suspensão seria como desistir ainda em setembro e que a nossa luta é pela recomposição do orçamento de modo mais imediato inclusive para que todos possam entrar na universidade. - Por último, foi debatida a ocupação imediata de prédios no campus até o dia 10 para construir a greve;
A proposta também dividiu a assembleia. Às falas contrárias argumentaram a dificuldade que é sustentar uma ocupação. Favoráveis argumentaram que a ocupação manteria a mobilização viva até o dia deflagração de greve, ajudando a construir experiências coletivas. A proposta não foi aprovada.
A assembleia deu um exemplo de construção democrática das lutas. Estudantes e trabalhadores de outros campi também participaram. Araranguá marcou presença em peso. Também estiveram presentes membros da comunidade de Joinville e Curitibanos.