Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Nina Matos – Redação Universidade à Esquerda – 17/03/2021
As vacinas fabricadas pela empresa AstraZeneca foram suspensas em cerca de vinte países desde o início de março. Dentre os países estão a Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia, França, Alemanha, Itália e Portugal.
No dia 7 de março, a Áustria decretou a suspensão da aplicação das doses de AstraZeneca devido à observação de uma possível correlação entre a vacina e casos de embolia pulmonar e trombose venosa.
A descontinuidade da vacinação com as doses da AstraZeneca foram seguidas na mesma semana pela Dinamarca, Noruega e Tailândia — primeiro país não europeu a interromper a administração das vacinas.
De acordo com a empresa, foram 22 casos de embolia e 15 de trombose registrados até o dia 8 de março. Esses números, segundo autoridades de saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) estão abaixo dos casos registrados na população em geral, recomendando que os demais países mantenham a vacinação e a observação de qualquer colateralidade.
É importante destacar que, em fevereiro, a AstraZeneca esteve envolvida em conflitos entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido devido a atrasos nas entregas de lotes das vacinas.
A UE alegou, na época, que o Reino Unido estava retendo as vacinas, impedindo que fossem entregues aos países que haviam adquirido-as. Na ocasião, a UE chegou a ameaçar a AstraZeneca de bloqueio das vendas aos demais países caso os prazos de entrega não fossem cumpridos.
As discussões voltaram a ocorrer nesta semana sob o mesmo assunto: os atrasos nas exportações das vacinas fabricadas no Reino Unido. A UE alega ter arcado com os prazos de envio adequadamente, enquanto acusa o Reino Unido de estar priorizando sua própria população em detrimento do cumprimento dos contratos da empresa com demais países.
A coincidência entre os eventos da suspensão da vacina por diversos países e das discussões entre UE e Reino Unido tem levantado a hipótese de que as suspensões sejam um movimento de retaliação contra o Reino Unido e a AstraZeneca.
No Brasil, devido ao aumento dos países aderindo à suspensão, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) se pronunciou em defesa da manutenção da administração das vacinas. Atualmente é a Fiocruz que fabrica as vacinas da AstraZeneca no país.
Segundo Nísia Trindade, presidente da fundação, as restrições impostas pelos demais países precisam ser analisadas com cautela. Assim, a Fiocruz acompanha as pesquisas mas afirma que não há indícios suficientes que fundamentam a suspensão do uso da vacina