UàE – 04.11.2015 – Redação
Passado o primeiro turno das eleições para reitoria da UFSC, vemos a confirmação de que havia pouco em disputa entre os candidatos, além da defesa de interesses de grupos diferentes. O UàE se mantém firme na convicção de que escolher o “menos pior” não nos coloca no caminho da universidade que queremos construir.
Não foi possível nessa campanha ter uma candidatura que defendesse o caráter público de nossas universidades, ou seu compromisso com as grandes questões que atingem a classe trabalhadora. Mas precisamos continuar a analisar criticamente o que está posto se quisermos seguir o caminho desta construção.
Talvez houvesse um acirramento maior se a candidatura de Irineu e Mônica tivesse posicionado-se mais à esquerda, porém como nossa entrevista mostra – e como apontamos em nosso editorial de análise da mesma – não era esse o intuito da candidatura. As análises dos apoiadores da candidatura de Irineu e Mônica sobre os motivos que o impediram de ir para o segundo turno se assemelham às análises feitas pelos apoiadores da candidatura de Roselane e Lúcia: parecem não ter feito autocrítica programática alguma.
Entendemos que agora não é tempo de se lamentar, e sim de buscar formas de se posicionar diante de um acirramento das políticas privatizantes da universidade pública. Neste segundo turno entre Cancellier e Edson, vemos claramente o caráter privatizante das propostas de ambos os candidatos. Nesse sentido é esperado que as brechas abertas na gestão de Roselane Neckel sejam aprofundadas na próxima gestão, independente de quem se eleja reitor. Ações como o fechamento do campus com portões, acordos com a polícia, ataques às greves e legitimação de fóruns supostamente democráticos abriram espaço para uma política que retira cada vez mais de nós o sentido do público.
Cancellier e Edson defendem o mesmo projeto de universidade, o que os diferencia são os grupos políticos que os sustentam. Enquanto Cancellier tem apoiadores do SINTUFSC, DCE e da candidatura Claudio Amante, Edson é fortemente apoiado pelo CTC e pela APUFSC. O que esses apoios significam para os rumos da UFSC, e a forma corporativista que se tem disputado os votos, são pontos importantes para nossa análise.
Com a clareza de que, independente do candidato que ganhe a eleição no dia 11, é certo que temos trabalho duro pela frente e precisamos começar a organizá-lo. Seguiremos na próxima semana com a cobertura do segundo turno, buscando apontar as contradições das candidaturas e os interesses a que servem.