Manifestação em Florianópolis em 29/09/2018. Foto do UFSC à Esquerda.
Leila Regina* – Redação UàE – 01/10/2018
Jair Bolsonaro, (#ELENÃO), candidato do Partido Social Liberal – PSL, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada no domingo (30/09), tem 28,2% de intenção de votos, na pergunta estimulada, para o primeiro turno das eleições presidenciais do próximo dia 07 de outubro. A proposta de sua candidatura “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” tem 81 páginas de enfoque nacionalista em que defende o que chama de um “Brasil Livre”.
No item “Valores e compromissos” deixa claro que esta liberdade refere-se à liberdade de propriedade privada. Mostrando uma leitura simplista da realidade econômica e indicando o liberalismo econômico como salvador da miséria.
A argumentação contra o liberalismo supera os objetivos deste texto, talvez seja suficiente para o momento esclarecer que o discurso da livre concorrência acaba por fortalecer os monopólios, a concentração do capital e, por conseguinte a desigualdade. É possível recorrer a uma citação de Lenin no livro “Imperialismo, estágio superior do capitalismo” em que a falácia da livre concorrência é abordada quando discorre sobre “A concentração da produção e os monopólios” para nos ajudar a entender que a livre concorrência transforma-se em monopólio:
A produção passa a ser social, mas a apropriação continua a ser privada. Os meios sociais de produção continuam a ser propriedade privada de um número reduzido de indivíduos. Mantém-se o quadro geral da livre concorrência formalmente reconhecida, e o jugo de uns quantos monopolistas sobre o resto da população torna-se cem vezes mais pesado, mais sensível, mais insuportável. (Lenin, 2012, p.48).
Esse liberalismo econômico, defesa irresponsável, vem acompanhado de intolerância às liberdades individuais, como às liberdades sexuais, por exemplo, presente em várias de suas declarações. Em seu plano de governo defende que o Estado não deve intervir na família e, ao mesmo tempo, afirma que a família é sagrada, indicando sua dificuldade de entender o conceito de um Estado laico.
Indica ao longo de todo o documento um inimigo, do qual temos que defender o Brasil. Inimigo esse que seria responsável por todos os males, algumas das nominações que usa para classificar esse “mal” ao longo do plano são: marxismo cultural, ideologias perversas, a esquerda, o Foro de São Paulo…
Ao localizar um inimigo responsável por todos os males do Brasil, o candidato usa o recurso do populismo que diz combater. Aproveita-se do descontentamento legítimo da população, mas não dá nenhuma solução factível aos reais problemas que o país enfrenta. O documento com a proposta e plano de governo do candidato do PSL, é cheio de contradições e tem pouca materialidade nas propostas. Além das claras incoerências presentes tanto em seu discurso na imprensa quanto nos princípios que diz defender.
Afirmações desvinculadas da realidade como as que o candidato defende devem ser combatidas pelo desserviço que cumprem. A população ao almejar algo diferente do que está posto, pode cair nesse engodo delirante. Uma aplicação real de suas propostas seria uma verdadeira tragédia e não há nenhuma materialidade nas soluções que pretende executar.
Essas questões todas se impõem, além dos, já muito abordados, posicionamentos contrários aos direitos humanos básicos que o candidato professa em nome, mais uma vez, do populismo. Como uma figura messiânica, um mito, o candidato é vazio em propostas concretas e sua retórica infundada.
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