Clara Fernandez * – Redação UàE – 04/10/2019
Durante o ato realizado nesse último dia 3, indignados com bandeiras acríticas da UNE tomando a frente do mesmo, estudantes da Associação de Pós-Graduandos e do Bloco Crítico da UFSC foram para a frente do ato com uma bandeira em que exigiam da UNE e ANPG uma greve nacional por tempo indeterminado.
Antes de seguir adiante no texto, é importante pontuar que este é um bom exemplo de que não se trata de ser contra as entidades e a importância de seu papel para as lutas a serem travadas, como em alguns momentos se tenta caracterizar de forma distorcida uma série de críticas que são travadas no interior dos movimentos, mas justamente de se criticar a política que essas entidades estão tocando e que desconfiguram seus papéis e as colocam na contramão das lutas mais urgentes dos movimentos.
Feito tal ressalva, voltamos ao episódio do dia anterior: Ao ver a frente do ato em disputa, o que é uma atitude saudável de discordância para demonstrar que a pauta da greve por tempo indeterminado estava sendo escanteada, qual foi a tática adotada pelas organizações que compõe a atual direção do DCE – Canto Maior (a saber: alicerce, Afronte, brigadas populares, juventude revolução, jca e ujc) durante o ato? Posicionados logo depois deste bloco dissonante, estes seguidamente paravam a passeata por um tempo e em seguida começavam a gritar “anda, anda!”, para confundir quem estava atrás e fazer parecer que os colegas que haviam ido para a frente do ato estavam freando e desorganizando o mesmo.
Está é uma pequena expressão, que ilustra como funciona a política destas organizações: quando não mais conseguem eficácia na censura sutil das pautas das quais discordam, e sabem que não terão respaldo para se colocar frontalmente contra estas no espaço público, atuam para sabotar as ações que podem ser e já vem sendo feitas no sentido construtivo da pauta no interior dos próprios movimentos, e fazer parecer que a responsabilidade pelas dificuldades com as quais nos deparamos, é de quem faz a crítica e tenta construir uma política diferente desta que atua para a desmobilização.
Do mesmo modo, nos últimos dias, estas organizações vêm paulatinamente atacando o movimento UFSC contra o Future-se por ter conseguido arrecadar dinheiro para realizar seus materiais, que permitiram a sua atuação desde as férias. Abrem uma falsa polemica como se houvesse uma concorrência de obtenção de recursos e isto fosse o que estivesse inviabilizando ainda não haver um caixa de greve da graduação. Ou seja, argumentam pelos corredores que o comitê de greve da graduação não consegue obter recursos pois o movimento UFSC contra o future-se haveria consumido as fontes de financiamento.
Criam tal espantalho argumentativo para ocultar o fato de que estão atuando para que este caixa não se efetive, visto que a representação da Filosofia no comitê de greve até elaborou os ofícios que deveriam ser encaminhados às entidades sindicais solicitando apoio financeiro, e aqueles que ficaram responsáveis por entregá-los e fazer contato com estas entidades, militantes atrelados a direção do DCE e à UNE, simplesmente não deram prosseguimento à tarefa de encaminha-los aos sindicatos. Basta contrapor as atividades do comitê da graduação com o da pós: a pós graduação já vem encaminhando e consolidando seu caixa, estas não são tarefas difíceis de serem realizadas.
Este é um dos elementos que assentou o caminho para que possam defender a saída da greve baseados nas dificuldades de sua construção. Mesmo ignorando que muitas delas foram criadas por sua própria política de desmobilização e confusão.
Essa é uma forma que destrói e afasta da militância pessoas novas e dispostas a construir a política analisando criticamente os problemas que também são inúmeros dentro da esquerda. Basta ver como o ambiente se torna extremamente hostil com quem não se coloca à serviço das formas tutelares e mesquinhas de fazer a política. Tudo isto só serve para que estas organizações construam uma imagem de que estão à disposição da construção e efetivação da luta, mas na verdade seguem se comportando como se fossem proprietários de alguma coisa e cumpram o maior papel de desorganização dentro delas.
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