Morgana Martins e José Braga – Redação do UàE – 21/11/2017
Nesta terça, 21 de novembro, nosso jornal confirmou com a direção do Restaurante Universitário a informação sobre seu fechamento no período de férias.[1] Os estudantes encontrarão as portas do RU fechadas por pelo menos dois meses entre dezembro deste ano e fevereiro do ano que vem. A direção do restaurante declarou que o fechamento das portas se dará por conta de reparos estruturais para o funcionamento no próximo ano; a única garantia de alimentação nesse período é aos estudantes os quais possuem cadastro socioeconômico, que tem a possibilidade de frequentar o RU do CCA.
Por conta dessas informações, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) está, nesta semana, realizando uma campanha contra a interrupção do funcionamento do restaurante, colhendo assinaturas num abaixo assinado, panfletando e produzindo um vídeo sobre a situação. Logo mais, na tarde de hoje as 18:00 haverá uma reunião dos Centros Acadêmicos para tratar da pauta, chamada pelo Centro Acadêmico Livre de Psicologia. Frente a isto a pergunta que fazemos é: Como é possível contribuir efetivamente para que esta mobilização possa tocar o conjunto dos estudantes universitários?
O Restaurante Universitário é central na vida estudantil. A alimentação subsidiada num restaurante central é a grande política de permanência universal na UFSC. Permite a todos os estudantes estar e frequentar a UFSC, almoçar e jantar entre as aulas, estudos, debates, palestras. É uma veia pulsante da universidade. Esta centralidade do restaurante ganha contornos ainda mais expressivos no contexto que vivemos: uma cidade com um alto custo de vida, e em uma situação de grave crise econômica. Não à toa semestre após semestre as filas crescem e batem novos recordes de quilometragem.
Foi assim nos dois semestres deste ano. A própria Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis teve que tocar na temática num texto meio constrangido, meio tentando ser bem-humorado – uma tentativa tosca de bloquear a indignação dos estudantes.
E a PRAE o fez porque sabe que o RU é nevrálgico. Milhares de estudantes passam por sua gôndolas todos os dias, mesmo sem saber que foram eles, estudantes, que o conquistaram em intensas lutas em 2009. Antes a capacidade de atendimento do restaurante era muito menor, e as filas também se multiplicavam.
Reivindicar esta memória só pode ter um significado forte se extrairmos sua lição fundamental: é possível conquistar o RU novamente, desde que para todos os estudantes. E assim lembrar o melhor das tradições táticas do movimento estudantil, que podem atingir a maioria dos estudantes: as passagens em sala, os atos dentro do Restaurante Universitário que culminaram com intervenções na Reitoria – os famosos bandejaços – , os materiais agitativos (jornais, panfletos, som). Essas pequenas intervenções trazem consigo um significado político mobilizador e nos leva a perceber que existem outras alternativas que não o imobilismo. Estas lutas podem aos poucos dar nova vida ao Movimento Estudantil da UFSC.
Recuperar o RU na pauta de luta dos estudantes é central. Não ele não pode fechar suas portas nas férias. Ele precisa ser ampliado, diminuir as filas e atender ainda mais estudantes. O RU permite aos estudantes viver esta universidade. A participação das entidades estudantis, principalmente dos centros acadêmicos que podem ter um diálogo mais próximo com os estudantes nos cursos é tão significativa, pois podem tornar mais forte e efetiva esta luta.
Leia também: Declaração da Direção do RU sobre o fechamento nas férias