Foto: Edson de Pieri em entrevista ao jornal UFSC à Esquerda; Florianópolis/SC, 2018; por UFSC à Esquerda
José Braga* – 27/03/2018 – Redação UàE
Na última semana, o UàE publicou a entrevista com o candidato Edson de Pieri, da chapa 57 “UFSC [de verdade]”. Na entrevista tivemos a oportunidade de avaliar as posições do candidato, e ver o que projeta para universidade: a saber, conformar toda a UFSC aos mesmos padrões de operação do Centro Tecnológico (CTC).
Um de seus motes, “uma UFSC empreendedora” expressa o modelo universitário que o conjunto das direções do CTC, a sua inclusive, tem implementado naquela unidade acadêmica. Propõe uma universidade prestadora de serviços, que faça pesquisa aplicada e pesquisa de desenvolvimento de processos e produtos. Edson visa aprofundar na UFSC uma tendência já presente e enraizada em seu centro de origem. Por exemplo, veja-se sua “proposta 31”:
“PROPOSTA #31
Situação: Praticamente todos TCCs, monografias de Especialização, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado são elaboradas visando unicamente ter o título. Após isto, o documento fica armazenado na BU, com pouco acesso pelas empresas.
Proposta: Oferecer aos alunos a possibilidade de Coaching, fazendo com que seus trabalhos possam desde o início ser construídos adequadamente para se transformarem em “produtos”. Em paralelo, divulgar os trabalhos por newsletters para categorias de empresas, potencializando cooperações e transferências de tecnologia.” (excerto extraído de seu programa)
Com esta proposta Edson subestima os estudantes de pós-graduação que de acordo com o texto só visam “ter o título”, subestima os professores que orientam o trabalho produzido nos distintos programas da UFSC. Nela revela-se seu modelo ideal de gestão: limitar a UFSC aos parâmetros do que fizeram com o CTC.
Do ponto de vista da pesquisa acadêmica e da pós-graduação, Edson ignora a briga constante dos pesquisadores das ciências humanas, e mesmo das ciências da vida, para que os critérios de avaliação da produção dos programas pela CAPES considere a diversidade das áreas do conhecimento. Com esta visão ultra-pragmática, propõe a subordinação da produção de conhecimento aos marcos da inovação e P&D. Seu projeto impõe ao conjunto da universidade a lógica do pensamento único.
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