Foto: Cobertura Greve Geral – 14/06/2019 – UFSC à Esquerda
Redação UàE – Lara Albuquerque* – 10/09/2019
O último período está marcado por uma série de ataques em todos os níveis educacionais, desde os projetos mais sensacionalistas como escola sem partido, a enorme desvalorização e precarização do trabalho dos professores no chão da escola, até os ataques que atingem a sobrevivência do conjunto das universidades.
Os cortes na educação superior vem a galope sobre os recursos das universidades, sobre as bolsas de pesquisas da CAPES e CNPQ. E agora a LOA de 2020 prevê um orçamento ainda mais pífio para as universidades. E engana-se quem achar que para aí o estrangulamento das universidades.
Quem está na mira são os salários dos servidores federais, leia-se, tanto técnicos administrativos quanto docentes. Não a toa a proposta apresentada pelo governo, o Future-se, traz consigo a possibilidade de contratação dos mesmos professores que já atuam nas universidades via Organizações Sociais, proposta que é defendida pelo atual ministro da educação. Além disso, o congelamento dos concursos agrava ainda mais o quadro. O que estamos assistindo uma série de políticas aplicadas para o esgotamento sufocante das universidades para conduzir a sua privatização.
No entanto, desde as eleições há um crescente nas lutas que se acirram contra o governo de Bolsonaro, seja a luta do Ele Não, nas próprias eleições, e no primeiro semestre, em março as ruas se encheram na luta do 8 de março -dia internacional da mulher, seguida dos atos de 22 de março contra a reforma da previdência e 1° de abril nos atos que contestaram a comemoração do golpe militar de 1964. Em 15 de maio as ruas voltaram a se encher em defesa da educação logo após os primeiros cortes anunciados, foram os maiores protestos desde junho de 2013, as manifestações aconteceram em todos estados brasileiros e dezenas de universidades paralisaram suas atividades.
Desde então outras grandes manifestações aconteceram, porém os cortes não pararam. Ainda que na proposta do Future-se apresentada o fim da gratuidade do ensino não tenha sido colocada na mesa, não há o que comemorar ou motivos para alívio. O governo de Bolsonaro não tem mostrado ceder por hora.
A única saída para cessar os ataques do governo é a demonstração da força e capacidade política que temos maximizada em toda sua potência criativa e organizativa, sem esperar das direções que se encontram burocratizadas, como a UNE e a CUT, os chamados e a direção. Não serão as ditas greves de um ou dois dias ou atos marcados, um a cada mês, que vencerão o projeto colocado pelo governo. É necessário e urgente que encaremos de frente a tarefa colocada para o momento, precisa-se de uma luta coesa e uma greve por tempo indeterminado, precisa-se de uma greve nacional da educação. Uma greve que não esvazie as universidades, mas que organize atividades variadas: que se pare para discutir os ataques colocados e seus significados, que se leve essas discussões para cada colégio, postos de saúde, centros de assistência social, que todos os bairros de todas as cidades que têm universidades federais saibam da mobilização universitária, essa ponte com a sociedade é imprescindível para verdadeiramente discutir as pautas que tanto nos são caras no momento.
Com certeza não será uma greve fácil, porém não podemos ceder a política instalada de medo do governo, o medo do que esse governo fará conosco é o que nos imobilizará, é a chave ele tem na mão para separar as categorias e os setores da educação. Estamos na iminência da deflagração de um momento histórico, no ponto de um enfrentamento com complexidades enormes e com perguntas que ainda não temos a resposta, porém só a mobilização massiva e forte politicamente nos trará as respostas que precisamos.
Não podemos continuar com aulas como se a agonia não estivesse gritando em nossa cabeça, acabou-se o tempo de normalidade e imobilismo nas universidades, somente a força de uma greve nacional poderá travar a luta que precisamos para o que está colocado.
*O texto é de inteira responsabilidade da autora e pode não refletir a opinião do Jornal.