Foto: Reitor Pró-Tempore Ubaldo Balthazar em sessão do Conselho Universitário; por UFSC à Esquerda
José Braga* – Redação UàE – 11/12/2017
Em 30 de novembro o reitor pró-tempore Ubaldo Balthazar recebeu em seu gabinete o secretário-geral da Confederação Israelita Brasileira (CONIB), acompanhado do ex-deputado Paulo Bornhausen. O teor do encontro: iniciar os contatos para um acordo de cooperação entre a UFSC e a Universidade de Tel-Aviv.
O portal de notícias institucional da UFSC mostrou a disposição do reitor pró-tempore que teceu loas a Israel e do secretário do CONIB em avançar nas negociações; informou também que o secretário de relações internacionais da reitoria professor Lincoln Paulo Fernandes será o responsável por encaminhar o fechamento do convênio.
No início de agosto, o então reitor Luís Carlos Cancellier recebeu o Cônsul Geral de Israel para debater a realização de Parcerias Público-Privadas com Israel para a criação de startups. Com a continuidade das tratativas Ubaldo segue o trilho da política iniciada por seu antecessor: destituir o papel crítico da Universidade.
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A retomada das negociações da UFSC com Israel não poderiam se dar em momento mais sintomático: há poucos dias o presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump solicitou a transferência de sua embaixada em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. A medida de Trump endossa o conjunto de ações do Estado Genocida de Israel contra o povo palestino.
São momentos como este que demandam das universidades a reafirmação de sua autonomia intelectual e o esforço da crítica sobre a sociedade. Não é este o papel desta instituição? E por consequência não caberia ao seu reitorado guardar e prezar por este papel? O que a UFSC tem a dizer frente à violência sistemática a um povo irmão?
Do alto do gabinete, Ubaldo escolheu a letra fria dos contratos, convênios e termos de cooperação. Escolheu internacionalizar a universidade não pela via da solidariedade com os povos, mas do pragmatismo utilitarista.
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