Allan Kenji Seki para UFSC à Esquerda – 20/10/2017
Nesta segunda-feira, 16, ocorreu em Curitiba o 2º Congresso do Movimento Brasil Livre Paraná, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O Congresso que chegou a anunciar ter vendido 120 ingressos, custando R$ 50,00 cada – a lotação do auditório é de 338 lugares. Contudo, pouco mais de 50 pessoas, contanto com a organização e os palestrantes estiveram presentes no evento, um fracasso retumbante.
A tática adotada pela organização do congresso foi a de realizar o congresso do MBL em um auditório central da universidade federal com tematizações panfletárias e moralistas. A convidada, psicóloga Marisa Lobo, por exemplo, chegou a afirmar que “O paradigma que sustenta a humanidade – homem nasce homem e mulher nasce mulher – está sendo quebrado. E quem está quebrando? As feministas”. Era notável a expectativa de que a reação de partidos e movimentos de esquerda, criasse um ambiente de visibilidade para divulgar o MBL e lançar figuras públicas do movimento como protagonistas dos anseios da juventude.
Solenemente ignorados pela própria base social do MBL e pela esquerda, o Congresso em Curitiba fracassou de forma retumbante. De forma geral, sem formação sólida sobre os temas que abordam, repletos de opiniões rasas e avessos aos fundamentos científicos e filosóficos, ainda assim, surpreendeu o desvario em relação ao próprio liberalismo. O convite para que Luiz Philippe de Orleans e Bragança, autoproclamado herdeiro de uma vindoura restauração monárquica, e figura pública do conservadorismo político e moral de Petrópolis (RJ), estrelasse na principal mesa, coroou a noite do MBL na sede da Lava Jato.
A situação do MBL, que agora se prepara para o 3º Congresso Nacional, mostra os evidentes limites de uma organização político-partidária na relação com sua base social. Na medida em que procura manipular para a base da candidatura de João Dória, atualmente prefeito de São Paulo e pré-candidato à presidência da República, uma fração da juventude descontente – mas politicamente inexperiente e conservadora mais por inércia intelectual, moral e política do que por convicções filosóficas e científicas – o MBL encontra sérias dificuldades.
Isto lembra a defenestração de Kim Kataguiri como colunista da Folha de S. Paulo logo após o impedimento da presidenta Dilma Rousseff (2011-2016). Afinal, a ignorância e a imbecilidade política é útil em certos momentos, mas ela não é o fundamento mesmo das formas de governo.