Imagem: Arquivo UFSC à Esquerda
Mariana Nascimento* – Redação UàE – 03/10/2019
Na última sessão aberta do Conselho Universitário, o movimento estudantil da UFSC deu um importante passo na garantia das condições de luta pelo prolongamento da greve estudantil que na graduação foi deliberada dia 10 de setembro e na pós-graduação no dia 11 de setembro. O conselho universitário suspendeu, no último dia 30 de setembro, a obrigatoriedade de presença e avaliação, bem como a garantia de reposições de conteúdos e avaliativas programadas para o período correspondente a greve.
Este foi um importantíssimo passo, uma vez que nos dá, em mãos, um documento para enfrentar aqueles que insistem em tentar desestabilizar a greve cobrando por presença, marcando provas presenciais e pedindo trabalhos via moodle. Logo começaram a correr notícias dos professores que, ao serem obrigados a dar a reposição, passaram a cancelar suas aulas e respeitar as deliberações das assembleias estudantis.
Com essa garantia que o movimento tem em mãos agora não é hora para jogar a toalha, como querem alguns setores declaradamente, como a própria direção do DCE gestão Canto Maior, que mostra-se disposta a travar uma política recuada na próxima assembleia, dia 04/10.
Essa direção se mostra indisposta e incapaz de ouvir a própria base dos estudantes que apresentam uma linha política mais avançada para a conjuntura desde antes da deflagração da greve, pois em diversos episódios fizeram falas desacretitando publicamente a capacidade de tal instrumento ser construído em nossa Universidade. Entretanto, depois que a massa estudantil demonstrou sua disposição em construí-la à revelia de tais avaliações e a sua efetivação se tornou inevitável, o que se pode ver é que optou-se por defende-la até esta paralisação de 48h da UNE. Ou seja, embora busquem disfarçar o caráter aparente de como atuam, na essência se mantém o compromisso com a lógica majoritária da UNE, com a qual a grande maioria do movimento estudantil já demonstrou que está saturada. Há muito já vem se apontando a não disposição a retroceder ao patamar anterior de mobilização de atos de um ou dois dias, uma vez por mês a mercê de datas de tiradas por terceiros.
Desse modo, demonstram que ou não reconhecem a própria base, ou o fazem deliberadamente, uma vez que não conseguiram, em quase um mês de greve, dirigir a massa dos estudantes em cada segundo das atividades, demonstrando a inabilidade na lida com um movimento de massa que naturalmente não se submeteria à políticas que vem tentando travar seu próprio avanço.
Seja pelo motivo que for, os setores que constroem a desmobilização e a destruição da greve que hoje tem um corpo, carregam em si a marca da irresponsabilidade enorme, pois não há um motivo sequer para sair dessa greve hoje na UFSC. No cenário nacional, dia 30 de setembro, o MEC lançou uma portaria que determina um grupo de trabalho jurídico para, em 15 dias – ou seja, até dia 15 de outubro, lançar o FUTURE-SE como projeto de lei. Esse greve tem como pauta barrar o FUTURE-SE! O pinga pinga de recursos nas universidades nos faz de refém e confunde, enquanto a recomposição do orçamento deste e do próximo ano também é uma pauta!
Logo, gastam sua energia em perpetuação de interpretações levianas, nada complexificadas, para produzir desânimo e desmobilização, quando o que se apresenta, à esquerda, é o enfrentamento à UNE e ao governo.
Sigamos! Que a resolução do Cun não seja usada como moeda de de troca pelo fim da greve na UFSC, mas para impulsioná-la em sua urgência nacional! O ato de hoje, 03/10 às 16 na catedral, a assembleia do dia 04 da graduação e do dia 07 da pós-graduação tem que estar cheias de gente com paciência histórica e com disposição para as tarefas e lutas postas à juventude.
*O texto é de inteira responsabilidade da autora e não reflete, necessariamente, a posição do Jornal.