Foto: HH da Geografia em Abril de 2016; por página Festas UFSC
Clara Fernandez – Redação UàE -26/09/2017
Imaginar que um dia o prédio do Centro de Convivência já foi local de exibição de filmes e cine debates nos períodos posteriores às aulas noturnas, parece uma imagem distante diante do precarizado prédio com a qual nos deparamos todo dia na espera da fila do RU. Quem dirá então, que o hoje escuro e abandonado bosque do CFH, até pouco tempo atrás, possuía um palco que já foi cenário de festivais, saraus e atividades artísticas diversas durante o dia e, durante a noite, tinha iluminação e o protagonismo de diversos encontros “filosóficos” ou meras rodas de violão entre estudantes.
Aos que bradam que se sonha demais, que se propõe o irrealizável, é preciso lembrar que essa universidade já foi cenário de festas em todos os seus centros, inclusive de forma concomitante, com música ao vivo, permitindo que estudantes se encontrassem sem precisar pagar ingresso, com microfone aberto para que o diálogo e a construção do espaço acontecesse de forma coletiva, madrugada adentro, com estudantes atravessando o campus às 4 horas da manhã com mais segurança do que se pegasse o caminho para casa pelas ruas que passam pelo entorno da universidade.
É preciso lembrar que as luzes da Universidade começaram a ser apagadas como uma tentativa de coibir a execução de festas, principalmente pela direção do Centro de Comunicação e Expressão (ah, a ironia!), na época em que o Centro era conduzido por Felício Margotti, hoje afastado da Pró-Reitoria de Graduação por agredir um estudante.
É preciso perguntar: Hoje, em que aspecto, o vazio da vida social do estudante no campus, possibilita que nós o atravessemos com no mínimo, alguma sensação de segurança?
Desde que a Reitoria intensificou a atuação com a DESEG e os acordos com a Polícia Militar, quantos postes de luz a mais foram inseridos na universidade? Se um estudante tem de escolher entre atravessar o interior da UFSC e circular por fora para concluir seu trajeto, qual será a opção priorizada? De que adianta seguir demagogicamente reivindicando a atuação da polícia no campus, como se esta já não estivesse presente aqui expulsando a comunidade que usa o espaço para lazer no final de semana, multando carros estacionados irregularmente, atuando de forma seleta perante a realização de confraternizações na universidade, e até mesmo, usando a universidade para treinamento de pessoal?
Cabe a um DCE seguir coadunando com que as possibilidades de vida social do estudante se restrinjam a se apertarem nos bares ao redor da Universidade até o limite da rua onde ficam sujeitos a riscos de atropelamentos? Ou até mesmo limitada a serviço de proporcionar lucro para as casas de festas no norte da ilha?
Me parece que, na verdade, são os nossos sonhos que não cabem naqueles que veem na universidade mais um espaço de mera gestão da paralisia e apatia da vida social dos sujeitos.