Imagem: Luta dos grevitas para a vacinação. Retirada do site do Sintrasem.
Bela Mielczarski* – Redação UFSC à Esquerda – 08/06/2021
Após 2 meses de greve, os trabalhadores da educação em Florianópolis finalmente fazem parte dos grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19, e já estão sendo vacinados. A greve dos trabalhadores da educação exigia segurança sanitária para o retorno presencial. As reivindicações incluíam a vacinação dos profissionais das escolas e a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O trabalhadores se mantiveram na greve por dois meses, apesar da pressão da Justiça (que declarou a greve ilegal em março, mas depois voltou atrás com a decisão) e de jornais como nd+ e o Gazeta do Povo.
Os grevistas, no dia 29 de maio, votaram pelo fim da paralisação, que durou 67 dias. A decisão se deu após os servidores aceitarem a proposta discutida entre a prefeitura e o Sintrasem. Segundo a proposta, a prefeitura se comprometeu a vacinar todos os trabalhadores da educação até o dia 2 de junho, e o governo municipal não poderá penalizar ou descontar o salário dos trabalhadores que participaram do movimento, todas vitórias da greve dos trabalhadores da educação. Além disso, os R$40 mil, que a justiça havia congelado por causa do não comprimento do requerimento de volta às aulas pelos grevistas no início de maio, serão convertidos em compras de máscaras, livros e formação. Os professores também comprometeram que os dias de paralisação serão repostos.
A greve dos trabalhadores, numa dura luta, salvou vidas na cidade. Num momento de agravamento da pandemia, a abertura das escolas sem as menores condições sanitárias garantidas poderia ter causado um aumento significativo da contaminação. A luta heróica dos trabalhadores protegeu não apenas a sua própria categoria, mas também as comunidades escolares e com isso trabalhadores de toda a cidade.
Só com a greve a vacinação dos trabalhadores da educação andou. E com essa luta conquistou também a vacinação dos terceirizados.
Na avaliação da direção do Sintrasem a greve foi vitoriosa e os trabalhadores demonstraram muita força ao não se dobrar às repressões da prefeitura e do poder econômico da cidade:
“Foram 67 dias de enfrentamento ao poder econômico dessa cidade, aos empresários amigos de Gean Loureiro e a uma mídia chapa-branca que apenas repete as mentiras que a prefeitura conta.
Foram 67 dias de uma batalha em que a categoria se mostrou, mais uma vez, incansável e unida!
Fizemos uma luta intensa que envolveu não só a nossa categoria, mas toda a cidade. Saímos da greve de cabeça em pé, fortalecidos, com a garantia de que não sofreremos perseguição e de que seguimos do lado certo da história: o da vida!”
Os trabalhadores enfrentaram com muita energia a burguesia local em todas suas expressões: como prefeitura, mídia, e também a justiça. Esta última tomou decisões contra os trabalhadores da educação e também em geral da cidade de Florianópolis, ao demonstrar seu total descuido com a vida.
Em 19 de maio, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) determinou a volta às aulas presenciais em Florianópolis. Segundo a decisão, o ensino presencial deveria retornar para as turmas de 1º ao 3º ano, além do 9º ano do ensino fundamental.
O TJSC determinou que, caso houvesse descumprimento da decisão pelos trabalhadores grevistas, o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem) deveria pagar a multa de 100 mil por dia. A mesma multa se aplicaria se os grevistas fizessem tumulto a uma distância menor de 450 m das unidades de ensino.
Todas as escolas da rede municipal de educação tiveram o retorno das aulas na segunda-feira, 31 de maio. Fica para decisão dos pais se o aluno retornará com ensino híbrido (1 semana na escola e outra na internet), ou totalmente à distância. A justiça proibiu a Secretaria da Saúde de Florianópolis de suspender aulas presenciais caso alunos ou professores tiverem suspeita de Covid-19.