Foto: Inscritos para eleição reitoria UFSC 2018. UFSC à Esquerda.
Por Maria Alice de Carvalho da redação do UàE – 27/03/2018
No dia 26 de março, às 18h30 no Auditório Garapuvu, iniciava o debate entre candidatos a reitor da UFSC organizado pela Associação de Pós-Graduandos/as – APG UFSC e Diretório Central de Estudantes – DCE Luís Travassos UFSC, com o intuito de serem debatidas as questões que dizem respeito à categoria estudantil da universidade. Porém, o debate foi composto por um dos candidatos, Irineu Manoel da Silva, e duas cadeiras vazias.
O convite aos candidatos foi realizado no dia 20/03, ao qual os candidatos Ubaldo Cesar Balthazar e Edson Roberto De Pieri responderam apenas que não estariam presentes, sem maiores justificativas à não importância dada por eles ao debate organizado pelas entidades estudantis, como se a falta de disponibilidade na agenda fosse motivo suficiente.
O convite foi realizado novamente pelas entidades estudantis e os candidatos insistiram na recusa. No dia e horário do debate, esses mesmos candidatos que afirmavam não haver agenda disponível, se encontravam realizando passagens nas salas de aulas.
Em prints disponibilizados pela página da APG UFSC na tarde de hoje, fica evidente na conversa entre os representantes dos candidatos o interesse apenas do candidato Irineu em comparecer ao debate. Os demais candidatos sequer apresentaram uma contraproposta de data e horário. Aparece, ainda, o combinado entre os candidatos de recusarem o convite ao debate de caráter estudantil, alegando inclusive que as demandas do corpo discente já foram suficientemente respaldadas no debate organizado pela COMELE/UFSC – Comissão Eleitoral, tratando essas questões como simples e não merecedoras de um espaço dedicado somente a elas para que sejam aprofundadas e tratadas com seriedade. Lembrando que dos três primeiros debates, somente um foi organizado pela Comissão Eleitoral. O primeiro foi organizado pelo Sintufsc, entidade relativa aos TAE’S da Universidade e o segundo, pelo comitê “Ufsc contra o golpe”.
O candidato a reitor Ubaldo Cesar Balthazar, em seu plano de gestão diz possuir como princípio a “total abertura para o diálogo e a plena participação centrados no compromisso e responsabilidade de construção e efetivação da prática democrática e cidadã” e para isso, ele se propõe a “manter diálogo e relação constante com o movimento estudantil através de suas entidades representativas, como diretórios, centros acadêmicos, coletivos, entre outros”. O plano de gestão de Ubaldo até pode possuir esses princípios com relação aos estudantes, porém é perceptível que não há, efetivamente, na sua candidatura, nem total abertura para o diálogo, nem se quer diálogo e relação constante com o movimento estudantil através de suas entidades; o candidato se negou, em um primeiro momento, a responder entrevista ao Coletivo Jornalístico UFSC à Esquerda – o que já rompe com o primeiro princípio – e, na noite de ontem, se negou a participar do espaço organizado pelas próprias entidades representativas dos estudantes.
Se nem em sua candidatura Ubaldo é capaz de cumprir seu compromisso com os estudantes e tratar com seriedade e respeito as demandas estudantis, quem nos garante que os fará quando eleito?
Já o candidato a reitor Edson Roberto De Pieri, propõe em seu programa um “terceiro tripé”, assim por ele denominado, na Universidade, sendo este tripé composto pelo “diálogo, a transparência e a autonomia responsável”, pois, como está escrito no próprio programa do candidato, “a falta de atenção a estes conceitos tem levado nossa universidade a decisões sem ouvir as principais partes envolvidas, a se distanciar e a levantar dúvidas quanto aos nossos atos”. De Pieri nem se quer esperou ser eleito para deixar seu tripé ir ao chão; o diálogo com os estudantes já não está presente nem mesmo em sua candidatura, sem falar que combinar com outro candidato de boicotar um espaço organizado por estudantes se mostra totalmente desonesto e desrespeitoso. Porém, em algo devemos concordar com De Pieri: sua falta de atenção ao diálogo de fato distanciou os estudantes e gerou nestes a dúvida sobre sua gestão – a dúvida que levou à certeza de que nele os estudantes não confiarão seu voto nesta quarta-feira.
Ubaldo e De Pieri não estavam presentes no debate de ontem para apresentar suas propostas aos estudantes, mas as duas cadeiras vazias por si só expressaram mais do que as palavras dos candidatos poderiam: se eleitos, Ubaldo e De Pieri estarão de ouvidos e olhos fechados frente às demandas estudantis.
No momento em que optaram por realizar outras atividades de candidatura a estar presentes no debate de ontem, os dois candidatos não decidiram meramente como organizar suas agendas, mas sim tomaram uma decisão política de diminuir a demanda estudantil frente à outras questões de campanha.