Jussara Freire* – Redação UáE – 02/04/2019
Na semana passada, o Presidente Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da defesa que fizesse as “comemorações devidas” pelos 55 anos de golpe militar no Brasil. Nessa levada, foi publicada uma ordem do dia na quarta-feira, dia 27 de Março, em referência ao golpe de 1964, que deveria ser lida nos quartéis do Exército, Marinha e Aeronáutica até a sexta-feira, dia 29. O documento, assinado pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva e pelos três comandantes das forças armadas, além de negar o golpe cometido pelos militares, ignora os crimes e torturas cometidos durante o regime e procura inverter a história ao atribuir aos comunistas o papel de ameaça à liberdade e à democracia.
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Dia 31, o canal oficial do planalto no Whatsapp disparou um vídeo, aos moldes da época de campanha eleitoral, onde um ator afirma que em 1964 o exército ajudou a colocar paz no país, bastava ver as notícias da época e perguntar aos avós a respeito. O mesmo governo que mediante qualquer constrangimento público ladra afirmando que a mídia e as notícias estão longe de ser tão confiáveis quanto suas correntes de redes sociais.
Um governo que durante a campanha se ausentou dos debates e impulsionou mentiras pelo Whatsapp como a da mamadeira de piroca. Um governo que já nos seus 3 primeiros meses está coberto dos pés à cabeça com lama de milícias e laranjas parlamentares. Não bastasse usar de sua figura pública para homenagear os mais cruéis exemplos da história deste país, agora Bolsonaro têm os meios oficiais à sua disposição para falsear a memória acerca da Ditadura Militar.
Na busca por reescrever esse capítulo da história, o governo mira seus alvos nos vermelhos, nos comunistas, socialistas, em todo e qualquer sujeito que possa significar algum mínimo de tentativa de se opor à reforma da previdência, privatizações e outros projetos que permitem o amplo assalto do fundo público. Mira-se na esquerda, mas o verdadeiro alvo são as condições de vida de toda a população brasileira. Pois este é o governo do avanço da corrupção legalizada. Eles querem reescrever a história não apenas por saudosismo dos tempos em que podiam colocar em ação todo tipo de barbárie contra aqueles que não baixavam a cabeça aos seus desmandos. Eles precisam se consolidar em cima de mentiras, pois a reconfiguração da sociedade que estão colocando em marcha exige e ainda exigirá a execução de muita violência pela frente. Só a negação da realidade é capaz de sustentar o tipo de irracionalidade necessária para que a racionalidade deste governo possa operar.
Enganam-se aqueles que acusam esse governo de incompetente. Embora o representante deste governo seja um brutamontes incapaz de formular uma frase sem uma cola na mão e sua trupe não esteja muito distante disso, há sim um projeto muito claro sendo executado. A reforma da previdência, a desvinculação das contas da união, os leilões de aeroportos, entrega da base de Alcântara aos EUA, concessões de recursos ambientais à iniciativa privada, entre outras medidas privatizantes, significam a execução de um projeto de país. Ainda que americanizado e subserviente até não poder mais. Mas isto está longe de significar despreparo, engana-se redondamente quem acredita que a classe dominante pode querer algo diferente disso para este país.
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