Imagem: Banner "não ao retorno às aulas presenciais. Apeosp.

Professores SP: Greve sanitária pela vida e pela saúde

Imagem: Banner “não ao retorno às aulas presenciais”/ Apeosp.

Leila Regina – Redação Universidade à Esquerda – 10/02/2021

Entre as redes de ensino que tem deliberado por greves diante das determinações governamentais pelo retorno ao ensino presencial, está a rede de educação do estado de São Paulo. A definição de retorno das atividades presenciais no estado foi nesta segunda feira, dia 08/02. O governo do estado definiu um retorno com sistema de rodízio, prevendo até 35% dos estudantes. Apesar desse limite em vigor no início do atendimento, já há uma possibilidade aberta, seguindo mudanças na classificação de riscos para fase amarela, que permitirá chegar a 70% dos estudantes.

Os professores da rede estadual, em assembleia do principal sindicato da categoria, APEPOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), deliberaram por aderir a “greve sanitária pela vida e contra aulas presenciais”. O sindicato está fazendo também campanha para que as famílias não levem seus filhos à escola e coletando relatos sobre as situações de infecção por COVID-19 e sobre as condições precárias das escolas seguir os protocolos de saúde.

No primeiro dia de greve o sindicato divulgou uma estimativa de adesão de 15% dos professores do estado, isso excluindo aqueles que já estavam em trabalho remoto por conta de serem do grupo de risco. A avaliação é que este era um primeiro dia de organização e que essa adesão deve crescer. O sindicato também indica em seu informativo que houve assédio moral e pressão por parte do Secretario de Educação, Rossiele Soares, e do governador, João Dória. A gestão do governo estadual tem indicado que cortará o ponto dos grevistas.

O sindicato orienta que professores não compareçam presencialmente à escolas  e protocolem requerimento em que comuniquem seu não comparecimento presencial, devido aos riscos à vida. A orientação do sindicato também indica que os professores registrem suas aulas remotas para que sejam validadas.

Os trabalhadores defendem que o retorno presencial ocorra só após vacinação dos trabalhadores da educação. Destacam em seus materiais de divulgação que a abertura das escolas é um riso a vida, não só de estudantes e profissionais da educação, visto que aumente a circulação do vírus na sociedade em geral.

No primeiro dia de greve também o comparecimento dos estudantes foi muito pequeno, cerca de 5%. Isto pode indicar que o chamado do sindicato para que as famílias não levassem os estudantes à escola teve repercussão. Além disso, é preciso considerar também que as famílias ainda não se sentem seguras com o retorno presencial.

Essa insegurança encontra base nos limites das escolas em garantir condições adequadas para minimizar os riscos de transmissão do coronavírus. Falta estrutura que se adeque ao protocolo sanitário, ventilação, funcionários de limpeza e cozinha, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e materiais de higiene.  A própria secretaria de educação já teve que admitir limites estruturais para o retorno mais seguro das aulas presenciais. Como exemplo, foi divulgado que 7 escolas não foram abertas por conta de casos suspeitos de coronavírus entre os trabalhadores. Ainda há escola que não abriram por estarem com reformas estruturais não concluídas. E outras que abriram mesmo em meio a reformas e adequações, sem serviço de merendeira e de limpeza. Essa situação agrava ainda mais os riscos para o retorno presencial.

Das 5.300 escola estaduais 810 não abriram no primeiro dia por diferentes motivos. A maior parte das escolas não abertas são de cidades em que os prefeitos também decidiram contrariamente ao retorno presencial neste momento.

Há no estado registro de casos de escolas particulares que retornaram às atividades presenciais e tiveram que suspender por conta de casos de covid-19.  Só na cidade de Campinas já foram 5 escolas particulares com casos confirmados. Nas escolas do estado há registro de 227 casos de Covid- 19 em 227 delas.

Hoje, 10/02, foi realizada nova assembleia que confirmou a continuidade da greve. Os trabalhadores da educação seguem organizando suas lutas para minimizar os riscos em um estado que tem registro de 55.087 mortes por covid-19. Os números de óbitos e casos permanecem estáveis em patamar elevado, são cerca de 10 mil novos casos, e média de mortes acima de 200 diariamente.

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