Diante de uma conjuntura que anuncia, independente de quem ficar no governo, sacrifícios aos trabalhadores, que caminho podemos seguir? A saída que tem sido proposta à classe trabalhadora é a de sacrifício: “Vocês que nunca tiveram direitos mínimos garantidos terão que pagar a conta dessa crise!” Crise que lembremos não é excepcional, mas que faz parte do ciclo de acumulação do capital. E aí reside a perversidade, o discurso que todos terão que fazer sacrifícios é apenas uma forma de convencimento da classe trabalhadora a assumir como uma necessidade do momento a retirada de direitos e a super-exploração.
Assim, no período em que vivemos cogitar a possibilidade de apostar nas instituições representativas burguesas como capazes de nos dar uma solução menos dolorosa, mais que ingênua parece uma assertiva desonesta. É importante que os trabalhadores reconheçam que não haverá saída fácil para nós! E que acreditar em ilusões só tornará mais distante a realização de uma emancipação dos trabalhadores. Só será possível criar e avançar neste cenário com o acirramento das lutas sociais. Desta forma é preciso que tomemos nas mãos as tarefas de construirmos a cada dia as lutas na direção da emancipação da classe.
Diante deste cenário os TAEs da UFSC tem pela frente o grande desafio de acirrar as disputas, de atuar na mobilização da categoria para discussão dos grandes temas, é preciso que a categoria continue ousando em suas propostas. Neste momento não cabe aos setores de esquerda dos TAEs rebaixar as pautas para se adequar a uma crise que os trabalhadores não criaram. A tarefa é de continuar expondo às contradições inerentes a organização capitalista. Seja nas disputas que se tem pela frente mais localmente, como na eleição sindical; quanto nacionalmente contra a política de cortes e arrocho aos trabalhadores.
Apostar que o apaziguamento proposto pelo novo reitor nos trará alguma segurança na manutenção de alguma pauta é ser desonesto com a classe trabalhadora. O mesmo pode a partir das expectativas em relação ao apaziguamento nacionalmente com a saída do PT, ou dos demais personagens deste teatro. Essa paz aparente apenas garante a estabilidade econômica necessária para o grande capital.
Enquanto uma parcela dos TAEs deposita na troca da reitoria a solução de todos os problemas da UFSC, parcela esta embalada pela atual direção do SINTUFSC que se alia ao patrão para iludir sua categoria, assumindo inclusive cargos na nova gestão da reitoria, vemos um grupo – talvez pequeno mas forte, combativo e criativo e que pode crescer nas lutas – ousando expor as contradições, ousando se colocar ao lado de todos os trabalhadores na luta necessária. Este grupo da esquerda dos TAEs, os “TAEs Livres”, e todos aqueles que têm se proposto a lutar terão uma longa e dura tarefa em recompor a esquerda da categoria, e incentivar a reorganização do movimento.
É evidente que esta luta não será fácil, visto que a atual gestão do SINTUFSC contará com a “máquina” do Sindicato e da atual gestão da UFSC no arrebanhamento de votos. A estratégia deste grupo político já é bem conhecida: usarão suas moedas de troca no convencimento de boa parte da categoria. A grande e necessária aposta é que o debate político poderá contribuir na formação de uma categoria mais politizada, que não se venda por pouco e que entenda seu papel na construção de uma outra sociedade, e na defesa do sentido público da Universidade.
*TAEs – Técnico Administrativos em Educação