Por Sereno Rodrigues, 16 de novembro de 2017
Todo o ano, na cidade de Florianópolis, um fato político abala as estruturas da cidade. Um fato que nos faz sentir mal, que causa indignação, a certeza que estamos sendo roubados, é o “prêmio de consolação” por todos os dias de desrespeito e desconforto, pisando na população para o benefício de poucos. O nome deste fato se chama “aumento da tarifa de ônibus”.
Nesta cidade, onde existe uma das maiores tarifas do Brasil e, sem sombra de dúvidas, o pior sistema de mobilidade dentre as capitais, é onde se constitui o cenário de recorrentes lutas para barrar o aumento.
O histórico das lutas não são os mais animadores, a última vez que barramos a tarifa foi em 2005, dentro destes aparentes anos de derrota, uma contradição fundamental acontece: é neste processo de lutas que formamos boa parte da juventude de esquerda da cidade.
Mas mesmo assim, por quê não conseguimos mais articular esta luta? Talvez um indício para esta resposta possa ser encontrado em um dos ciclos de lutas (além de 2013) no qual estivemos mais próximo de derrubar a tarifa após 2005. Em 2010 milhares de estudantes tomaram as ruas para tentar barrar o aumento da tarifa, no entanto nesse ano tínhamos algo a mais, além de haver muitas pessoas construindo, tínhamos uma capacidade organizativa e de propagação das informações muito eficaz. Conseguimos isso graças à disposição das principais entidades estudantis da cidade: o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSC e o Grêmio do Colégio Aplicação da mesma universidade atuando conjuntamente com o Movimento Passe Livre.
Naquele ano só foi possível organizar um setor tão amplo da juventude porque tais entidades realmente cumpriram seu papel e se dedicaram integralmente a sua tarefa principal: oferecer e garantir um espaço de organização e canalização das lutas de sua categoria. Nas semanas que se seguiram estas entidades, por meio da ação política, conseguiram arrastar toda a esquerda rumo uma ação política unitária e a juventude da cidade cumpriu o seu papel histórico: inspirou e levou à luta milhares de pessoas indignadas com este roubo cotidiano.
O ano de 2018 começará violento para nós, o pouco dinheiro que ganhamos ficará ainda mais escasso pois a tarifa irá aumentar no dia 1º de Janeiro. Este ano ainda não acabou, mas sabemos que os trabalhadores estão engasgados com a quantidade de direitos que perderam, sentiremos na nossa carne estes duros cortes durantes os próximos meses.
Dia 1º de Janeiro certamente será a primeira oportunidade do ano de barrar esta onda de retrocessos que nos joga à beira da barbárie. Só nos resta saber se as entidades estudantis (e outras organizações que dizem estar ao lado dos trabalhadores) estarão /dispostas a cumprir suas tarefas e criar as condições necessárias para que os trabalhadores e a juventude se organizem para cobrarmos a conta que nos é devida.
Lembrando que as catracas quem lucra inteiro é a Prefeitura, á empresa de ônibus ganha por km rodado. Tanto faz quantos estão dentro, tanto faz pra empresa a diferença do lucro só é sentida pela Prefa. Lembrando ainda: – Quem está estudando ou trabalhando há está pagando impostos, gerando lucro ativo na máquina Pública ou se preparando para dar sequência ao desenvolvimento social… Artigo. Anderson Floriano. É só pular a catraca.