Foto: Mãe e filha da Praça de Maio, em 1982 ; por Adriana Lestido. O movimento Mães da Praça de Maio (Madres de Plaza de Mayo) são mulheres que se reúnem na Praça de Maio, Buenos Aires, para exigirem notícias de seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983).
Ana Zandoná – Redação UàE – 14/05/17.
Às mães solteiras ou que mesmo casadas carregam a responsabilidade sobre a prole em suas costas. Às mães que não tiveram escolha, mesmo se sentindo despreparadas ou sem desejo de possuir filhos. Às mães que perderam seus filhos na mão de leis injustas de um estado genocida. Às mães que enxugam as lágrimas de seus filhos nas descobertas das dores da vida, enquanto derrubam lágrimas e quiçá sangue para protegê-los dessas. Às mães que trabalham de domingo a domingo, de sol a sol, para que a comida no prato não lhes falte.
São tantas as mulheres que realizam todo tipo de sacrifício cotidiano pela criação de seus filhos. Que já desejaram ser tantas mulheres diferentes, mas tiveram suas expectativas e planos de vida sufocados e redesenhados pelos papéis que o capitalismo lhes impõe. Que acabam por projetar o que não puderam ter pra si na constituição de suas crias: como desejar que seus filhos realizem suas expectativas, visto que na maioria esmagadora das vezes, a mesma chibata que arranca o controle do destino das mães, também o fará com eles? O que se pode esperar de toda a força empenhada na formação de suas crianças?
Talvez então, o que se possa desejar nesse dia das mães, é que essa força ecoe em uma juventude com cada vez mais capacidade de sonhar os próprios sonhos. Que compreenda que apenas em coletivo é possível criar as condições adequadas para fazê-los virar realidade. Que possua vontade e coragem para construir um futuro de real emancipação para a geração deles e para as que virão depois deles. Onde ainda haja tempo para apreciar o cuidado e amor envolvidos, sem a necessidade das mulheres assumirem de forma solitária os percalços e sacrifícios para manter a base desta relação.