Faixa em frente a agência dos correios em Mato Grosso do Sul. Foto: Henrique Kawaminami/Campo Grande News
Luiz Costa – Redação UàE – 24/08/2020
Após uma semana desde a deflagração da greve dos Correios, trabalhadores da categoria de todo o país aprovaram a continuidade da greve. O movimento de luta iniciou na última segunda-feira (17).
Há sete dias, cerca de 100 mil trabalhadores dos Correios de todo o Brasil deliberaram greve nacional em suas assembleias, organizadas pelos sindicatos filiados. A greve iniciou no dia seguinte, terça-feira (18), parando as atividades dos Correios por tempo indeterminado, contra a privatização, contra retirada de direitos e contra a negligência com a saúde dos trabalhadores em tempos de pandemia.
A continuidade da greve foi noticiada pela Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), que reúne os sindicatos de São Paulo, Rio, Bauru, Tocantins e Maranhão. A federação representa 50% do efetivo nacional e 60% do fluxo postal nacional.
Em nota, a federação orienta manter a mobilização.
“A orientação da Findect e Sindicatos filiados é para os trabalhadores se manterem mobilizados, participando das atividades convocadas pelos sindicatos, e convocarem todos os seus companheiros a aderirem à greve”.
A mobilização unifica as duas federações da categoria. Além da Findect, estão em greve também os trabalhadores filiados Federação dos Trabalhadores em Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Fentect).
A decisão por manter a greve aconteceu após o Supremo Tribunal Federal (STF) definir que manteria a suspensão do acordo coletivo dos trabalhadores dos Correios.
O julgamento referendou uma liminar concedida anteriormente por Dias Toffoli, presidente da Corte.
A direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) busca retirar 70 dos 79 pontos da convenção coletiva, que previam direitos como vale alimentação, licença maternidade de 180 dias e auxílio-creche.
Segundo as entidades dos trabalhadores, cerca de 70% do efetivo está parado, principalmente setores operacionais, o que significa aproximadamente 70 mil trabalhadores.
Leia Carta aberta da Findect:
Direção da Empresa, Governo e STF provocaram a greve dos correios
Na negociação da Campanha Salarial de 2019, a direção da empresa quis tirar vários direitos da categoria. Os trabalhadores resistiram e o Tribunal Superior do Trabalho, TST, julgou e manteve os direitos conquistados ao longo de décadas de negociações, a maioria como compensação aos baixos salários.
Inconformada, a direção da empresa apelou ao Supremo Tribunal Federal, STF, que concedeu liminar a ela (antecipação dos efeitos do pedido antes do julgamento).
A decisão do STF surpreendeu, porque o TST é o tribunal superior responsável por questões trabalhistas, e pela regulação da justiça brasileira, um ente superior não pode interferir no outro, a não ser que houvesse violação da Constituição, o que não ocorreu.
Valendo-se dessa liminar, o presidente dos Correios desrespeitou a decisão do TST de 2019, que definiu que os direitos constantes no Acordo Coletivo da categoria valem até 2021, e está reduzindo os benefícios e a remuneração dos trabalhadores em plena pandemia.
A direção da empresa age junto com o governo federal, e mesmo com o lucro de R$ 460 milhões dos Correios no primeiro semestre de 2020, provocam uma greve de propósito, sem respeito algum com os trabalhadores, com a população e as leis do país.
Com o lucro de R$ 460 milhões num semestre, não faltam recursos para a empresa nem para o governo, falta respeito aos trabalhadores e seus familiares!
A greve não é culpa do Carteiro, do Atendente, do Operador de triagem, do Motorista ou Motociclista. Eles já ganham os menores salários entre os trabalhadores de todas as estatais brasileiras.
E estão tendo a remuneração reduzida através do corte de direitos.
Ninguém pode se calar frente a ataques como esse e às mentiras veiculadas na mídia pela direção dos Correios e o Governo Federal.
Os trabalhadores dos Correios contam com sua compreensão e seu apoio!